Ex-deputado federal, o advogado Maurício Rands espera que Rússia e Ucrânia cheguem a um acordo de cessar-fogo em breve. Há cinco dias, militares russos invadiram o território ucraniano.
“O mundo todo está esperando por isso”, afirma Rands em entrevista ao programa Frente a Frente, que vai ao ar hoje. “É possível que estas negociações que estão sendo abertas na fronteira entre a Ucrânia e Belarus, que é governada por um autocrata que serve a Putin, tenham condição de estabelecer aquilo que já devia ser feito: a Ucrânia passaria a ser um estado neutro”, prossegue.
O advogado escreveu um artigo sobre o tema, que foi publicado mais cedo no Blog. Conforme ele explica, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem alegado que o ingresso da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – a aliança militar ocidental – consistiria em uma ameaça à soberania e segurança estratégica dos russos, uma vez que o país poderia ter bases militares.
Ainda de acordo com Maurício Rands, Putin argumenta que há uma hostilidade à etnia russa dentro do solo ucraniano. “Putin faz um paralelo com a Crise dos Mísseis em Cuba”, explica. “Houve muito erro dos EUA e do Ocidente, que tiveram muita arrogância. Essa ideia de fazer um estado neutro na fronteira entre os países que pertencem oficialmente à Otan e a Rússia deveria ser perseguida há algum tempo”, complementa.
“No meu artigo, explico que um erro não justifica o outro. É preciso que a gente condene os erros de Putin e o Ocidente, liderado pelos EUA, que têm uma política de imposição por vezes”, diz Rands.
Para ele, surpreendeu o nível de resistência da Ucrânia e a pressão internacional tende a levar a Rússia a um acordo: “Aquilo que os russos antecipavam que seria um passeio não se confirmou pela resistência do povo ucraniano. Da mesma forma, pelo apoio com a remessa de armas e a pressão internacional. Os plutocratas que apoiam Putin já estão sofrendo as consequências porque estão com os bens bloqueados na Europa e nos EUA. Isso começa a pressionar Putin para levar a sério uma negociação.”
Na sua visão, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sai fortalecido do episódio. “Resta ver como vai ficar a situação de Zelensky do poder. Ele saiu fortalecido internamente com o seu povo porque soube liderar a resistência”, comenta.
O ex-deputado também critica a existência da aliança militar do Ocidente. “O princípio de acordo é que a Ucrânia renuncie sua pretensão de ingressar na Otan, que não tem mais razão de ser. Ela foi feita no tempo da Guerra Fria e a política deveria ser de desfazimento. Ao invés de desfazer, foi aumentando: 30 membros. Dá pretexto a Putin e os russos terem essa política de expansão nas suas fronteiras”, conclui.
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