Exonerado em fevereiro, o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse, nesta segunda-feira (28), que ignorava mensagens do presidente Jair Bolsonaro sobre o aumento no preço dos combustíveis na época de sua gestão. Em entrevista ao Roda Viva, ele declarou que se dirigia exclusivamente ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
– [O presidente Jair Bolsonaro] chegou a me mandar mensagens e eu simplesmente não atendia. Eu explicava e fornecia informações ao ministro Bento [Albuquerque, de Minas e Energia], porque os preços estavam subindo. Pronto – afirmou Castello Branco.
O ex-presidente da petroleira negou que haja “interferência direta” do governo na empresa, mas declarou haver “pressões na forma de recados” e “mensagens”.
– Não são interferências diretas, mas são pressões por interferências na determinação de preços de uma empresa que não é um órgão do governo (…) Mas o melhor a fazer é o que se tem convicção de que está certo. Faça a coisa certa e não tenha medo – assinalou.
A entrevista de Castello Branco ocorreu no mesmo dia em que o atual presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, foi comunicado de sua demissão, também após sucessivos aumentos no valor dos combustíveis. O governo indicou o economista Adriano Pires para assumir o posto.
Castello Branco se adiantou e já revelou ter discordâncias com o plano de Pires de criar um fundo de estabilização de preços de combustíveis.
– É um problema administrativo, já que o dinheiro é administrado pelo governo. Os recursos, muitas vezes, não vão para a destinação, surgem problemas sérios. São problemas paliativos que não resolvem – completou, avaliando que a melhor solução seriam reformas fiscais para viabilizar um subsídio temporário.
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