O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a questão do aborto no Brasil ao participar de um evento promovido pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e pela Fundação Friedrich Ebert (FES). Para ele, o tema deveria ser tratado como “saúde pública”, para que todo mundo pudesse “ter direito, e não vergonha”.
A declaração foi dada durante o debate Brasil-Alemanha – União Europeia: Desafios progressistas – parcerias estratégicas. Lula afirmou que mulheres ricas podem realizar o aborto em outros países onde o procedimento é liberado, enquanto mulheres pobres acabam morrendo tentando abortar.
– Mulheres pobres morrem tentando fazer aborto, porque o aborto é proibido, é ilegal (…) Quando que a madame pode ir fazer um aborto em Paris, escolher ir pra Berlim. Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, quando na verdade, deveria ser transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito, e não vergonha. Não quero ter um filho, vou cuidar de não ter meu filho. O que não dá é a lei exigir que ela tenha, mas essa lei não exige cuidar – apontou.
O ex-presidente já havia abordado o tema no ano passado, durante uma conversa com o rapper Mano Brown. Na ocasião, ele disse ser contra o aborto, mas que o procedimento é um “direito da mulher” e que deveria ser tratado como questão de saúde pública.
No evento desta quinta-feira, Lula falou sobre a pauta da “família” e dos “valores” e disse que ela é “muito atrasada”. O petista ainda aproveitou para alfinetar o presidente Jair Bolsonaro, mas não citou seu nome.
– Essa pauta da família, dos valores é muito atrasada. E ela é utilizada por um homem que não tem moral para fazer isso (…). É esse cidadão que tenta pregar valores para um grupo brasileiro que acredita. E eu acho que nós que temos que assumir essa discussão tentando fazer a sociedade evoluir, e não compartilhando do retrocesso que a gente tem nessa discussão – ressaltou.
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