O deputado João Paulo (PT) escreveu em suas redes sociais que parlamentares da extrema direita ficaram incomodados por ele defender legalidade do aborto no Brasil em pronunciamento no Grande Expediente da quarta, 20 de abril. “Deputados de extrema direita ficaram incomodados quando subi à tribuna para reafirmar que o aborto no Brasil precisa ser tratado como questão de saúde pública”.
“Mesmo tendo se colocado contra o aborto, Lula tirou o véu que cobre essa questão, ao ter coragem de abordá-la. Enquanto negamos falar sobre isso, mulheres, em sua maioria pretas e pobres, morrem no Brasil. Esse problema é real e deve ser encarado como de saúde pública”, opinou o comunista.
O parlamentar citou a Pesquisa Nacional de Aborto, promovida pela Anis Instituto de Bioética e pela Universidade de Brasília em 2016, segundo a qual uma em cada cinco mulheres terá feito ao menos um aborto ilegal ao final da vida reprodutiva.
João Paulo destacou, contudo, que “provoca o assunto muito mais em solidariedade à população feminina do que como porta-voz”. Para ele, nenhum homem saberia o que significa abortar “pelo simples fato de não ser algo que sinta no próprio corpo”. “Esse não é nosso lugar de fala, mas podemos ser companheiros das mulheres nessa luta”.
“Penso que o problema de fazer um debate aberto sobre o assunto não seja da política, mas do uso político de aproveitadores da fé. Se levarmos em conta a perspectiva republicana, nossa obrigação é proteger a população feminina, que, mesmo nas situação autorizadas por lei para o aborto no País, ainda enfrenta resistência”, acrescentou o deputado.
Como exemplo dessas dificuldades, resgatou o caso de uma criança de 10 anos do Espírito Santo que somente conseguiu atendimento em Pernambuco.
“Ela estava grávida do tio, que a abusava desde os 6 anos, e superou por diversas barreiras até conseguir, no Recife, passar pelo procedimento”, lamentou, lembrando que houve protestos na frente da unidade de saúde em que a menina estava sendo assistida.
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