O Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu não acusar de desacato os ex-assessores do ex-presidente Donald Trump, Dan Scavino e Mark Neadows. Eles se negaram a cooperar com o comitê legislativo que investiga o ataque ao Capitólio ocorrido em janeiro de 2021.
Scavino e Neadows foram acusados de desacato pela Câmara dos Representantes, assim como o ex-assessor Peter Navarro, que foi indiciado na sexta-feira (3) pelo mesmo caso.
A notícia foi revelada pelo jornal The New York Times, que teve acesso a uma carta do procurador para o Distrito de Columbia, Matthew M. Graves. No texto, ele informava da decisão ao conselheiro geral da Câmara dos Representantes, Douglas Letter.
Em comunicado divulgado na noite de sexta-feira, o presidente do comitê de investigação do ataque ao Capitólio, Bennie Thompson, disse que achava a decisão do Departamento de Justiça “surpreendente”.
– Se a posição do Departamento é que um ou ambos destes homens têm imunidade absoluta para comparecer ao Congresso porque trabalharam para o governo Trump, essa questão ainda tem de ser resolvida nos tribunais – destacou o comunicado.
Tanto Meadows como Scavino negociaram com o comitê. Meadows chegou ao ponto de entregar vários documentos, ao contrário de Navarro, que resistiu a cooperar desde o início.
Meadows decidiu deixar de cooperar com base no fato de o seu trabalho na Casa Branca dever permanecer em sigilo porque Trump tinha invocado o “privilégio executivo”, uma medida que permite que o presidente dos EUA impeça a liberação de certos materiais.
O estrategista de extrema direita Steve Bannon tentou usar o mesmo argumento sem sucesso e foi também acusado de desacato pela Câmara dos Representantes.
No dia 12 de novembro, um grande júri federal o acusou formalmente de duas acusações de desacato. Bannon, tal como Navarro, também não cooperou com os legisladores.
A comissão que investiga o ataque ao Capitólio é composta por uma maioria de membros democratas do Congresso e tem Liz Cheney e Adam Kinzinger como membros republicanos que estão em desacordo com Trump. A missão do comitê é investigar por qual razão o ataque ocorreu, quem foi o responsável e o que pode ser feito para evitar outro evento semelhante.
No dia 6 de janeiro de 2021, cerca de 10 mil pessoas participaram de uma passeata em direção ao Capitólio. Cerca de 800 pessoas invadiram o edifício para impedir a ratificação da vitória do agora presidente dos EUA, Joe Biden, sobre o candidato republicano nas eleições de novembro de 2020. Cinco pessoas foram mortas e cerca de 140 oficiais foram agredidos durante a invasão.
*EFE