A aliança política do presidente francês Emmanuel Macron obteve o maior número de assentos no turno final das eleições parlamentares neste domingo (19), mas perdeu sua maioria parlamentar, conforme projeções. O resultado aponta que os candidatos de Macron ganharam entre 200 e 250 assentos, muito menos do que os 289 necessários para ter maioria na Assembleia Nacional, a mais poderosa casa do Parlamento francês.
A nova configuração política deve dificultar a atuação de Macron. Uma nova coalizão composta pela extrema-esquerda, socialistas e membros do partido Verde tende a se tornar a principal força de oposição, com 150 a 200 assentos. Já para o partido de extrema-direita Rally Nacional, de Marine Le Pen, vice-campeã nas eleições presidenciais, a perspectiva era de conquistar mais de 80 assentos, dez vezes mais que os oito anteriores.
Acostumado a governar desde 2017 com uma maioria absoluta, Macron deve, a partir desta segunda-feira (20), buscar aliados de outros partidos, inclusive os conservadores, para conduzir seu programa reformista e liberal.
Os eleitores franceses foram às urnas neste domingo para eleger os 577 membros da Assembleia nacional, escolha que sinaliza quanto espaço o partido de Macron terá para implementar uma ambiciosa agenda doméstica. Após a reeleição do presidente em maio, sua coalizão centrista buscava uma maioria parlamentar que permitisse a implementação de promessas de campanha, como cortes de impostos e aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 65 anos.
Para Martin Quencez, analista político do Fundo Marshall Alemão dos Estados Unidos, o fato de Macron não conseguir a maioria não afetará simplesmente a política doméstica da França, como poderá ter reflexos em toda a Europa.
– Ele precisará estar mais envolvido na política doméstica nos próximos cinco anos do que estava anteriormente, poderíamos esperar que ele tenha menos capital político para investir em nível europeu ou internacional… Isso pode ter um impacto para a política europeia como um todo nos assuntos europeus – disse Quencez.
As eleições parlamentares foram marcadas pela apatia dos eleitores. Mais da metade do eleitorado ficou em casa no primeiro turno. Já, no segundo, a participação chegou a 38% às 17h (horário local), porcentual ainda mais baixo do que na primeira votação.
*Com informações da AE