O líder do Talibã, Haibatullah Akhundzadah, apelou à comunidade internacional e às organizações humanitárias “que ajudem o povo afegão afetado” e “não poupem esforços” para ajudar na recuperação do Afeganistão após o terremoto de magnitude 6.1 na escala Richter atingir o país na manhã da última quarta-feira (22).
O abalo sísmico, que deixou cerca de mil mortos, além de outros 1,5 mil feridos, foi classificado pelas autoridades locais como “grande tragédia”. As buscas por desaparecidos, inclusive, seguem nesta quinta (23), mas a precariedade e a falta de estradas adequadas dificultam os esforços.
A operação de resgate será um grande teste para as autoridades do grupo fundamentalista Talibã, que assumiu o controle do país em agosto passado após duas décadas de ocupação norte-americana. Isso porque o país teve parte da assistência internacional que recebia cortada.
Os Estados Unidos também bloquearam as reservas em dólar do Banco Central afegão, equivalentes à metade do PIB do país. O Ministério da Defesa está liderando os esforços de resgate.
– Infelizmente, o governo está sob sanções, por isso é financeiramente incapaz de ajudar as pessoas na medida do necessário – disse Abdul Qahar Balkhi, um alto funcionário do Talibã.
Segundo Qahar Balkhi, “agências internacionais estão ajudando, os países vizinhos ou mesmo distantes ofereceram sua assistência, a qual agradecemos e saudamos. A assistência precisa ser ampliada em grande medida porque este é um terremoto devastador que não é experimentado há décadas”.
O que dificulta essa ajuda dos países vizinhos, no entanto, é que o governo do Talibã, que adota a lei islâmica Sharia e recentemente voltou a proibir a educação para mulheres e adolescentes, é tido como um pária internacional, com o qual poucos países estabelecem relações próximas.
BUSCAS LIMITADAS
Mesmo antes da tomada do poder central pelo Talibã, os serviços de emergência do Afeganistão estavam sobrecarregados para lidar com desastres naturais – com poucas aeronaves e helicópteros disponíveis para os socorristas.
A mídia afegã publicou fotos de casas reduzidas a escombros e corpos envoltos em cobertores no chão horas após o terremoto. A cidade de Gayan, perto do epicentro, sofreu danos significativos, com a maioria de seus edifícios de paredes de barro danificados ou completamente desmoronados.
PROPOSENSO A TERREMOTOS
O Afeganistão é um país propenso a terremotos, pois está localizado em uma região do planeta com placas tectônicas ativas. Seu território compreende várias linhas de falha, incluindo a falha de Chaman, a falha de Hari Rud, a falha de Badakhshan Central e a falha de Darvaz.
Na última década, mais de 7 mil pessoas foram mortas em terremotos no país, segundo o Departamento de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU. Há uma média de 560 mortes por ano em decorrência dos sismos