Passados 150 anos do confronto militar mais brutal da história sul-americana, a Guerra do Paraguai voltou a ser alvo de debate ao ser questionada pelo país vizinho na Subcomissão de Verdade e Justiça, criada no Parlamento do Mercosul (Parlasul). Congressistas paraguaios do colegiado afirmam que o país foi alvo de genocídio e pedem uma indenização financeira por parte das nações vencedoras – Brasil, Argentina e Uruguai -, além de pedido de desculpas. As informações são do portal Metrópoles.
Composta também por parlamentares brasileiros, argentinos, bolivianos e uruguaios, a Subcomissão de Verdade e Justiça da Guerra da Tríplice Aliança realizou até o momento cinco audiências no Senado do Paraguai. Nas ocasiões, foram ouvidos pesquisadores do país, que acusam as nações vencedoras de manipulação histórica para justificar um confronto, que segundo eles, foi imperialista e genocida.
Novas audiências devem ocorrer até setembro. O Brasil sediará uma delas em Foz do Iguaçu, no Paraná, nos dias 15 e 16 do mês em questão. Após a conclusão das audiências, a subcomissão da guerra deve redigir um relatório com os pedidos de reparação, que já foi avaliada pelos paraguaios em até 150 bilhões de dólares (R$ 814 bilhões). Posteriormente, o documento deverá ser encaminhado para votação no plenário do Parlasul.
Visto que a maior parte dos congressistas pertencem aos países vencedores do confronto, espera-se que as solicitações não sejam atendidas. Entretanto, segundo o historiador Francisco Doratioto, tudo depende da ideologia dos votantes.
– Há setores políticos sul-americanos que admiram regimes fortes e justificam ditadores como Solano López [que comandava o Paraguai à época da guerra]. É possível que parlamentares argentinos do Parlasul que sejam peronistas, por exemplo, apoiem essa tese paraguaia. Quando a presidente era Cristina Kirchner, a Argentina chegou a se desculpar com o Paraguai – ponderou.
Na avaliação de Doratioto, “o discurso de que o Paraguai foi vítima nessa guerra é factualmente falso, porque eles foram o país agressor, foram eles que provocaram o conflito”.
– Quem começou a guerra mesmo sem declará-la, ao sequestrar o barco Marquês de Olinda e invadir o Mato Grosso, foram as tropas de Solano López, que já vinha planejando há tempos essa movimentação. Se pegamos a cronologia dos fatos, vemos que a Tríplice Aliança se formou como resposta à agressão paraguaia. Eles agora tentarem uma reparação, porque seu país sofreu muitas perdas. É quase como se a Alemanha pedisse indenização pela destruição que sofreu na Segunda Guerra Mundial – comparou.
Contudo, ainda que haja de fato uma condenação aos três países da aliança, Brasil, Argentina e Uruguai não precisariam indenizar, de imediato, a nação vizinha. O resultado, porém, poderia ser utilizado pelo Paraguai em futuras ações em cortes penais internacionais.
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