Nesta quarta-feira (20), o governo da Argentina anunciou que está preparando medidas para incentivar turistas estrangeiros a liquidar seus dólares no mercado formal do país, oferecendo uma taxa de câmbio próxima aos valores cotados nos mercados paralelos, que têm uma diferença superior a 130%.
O ministro do Turismo, Matias Lammens, anunciou que o governo está trabalhando em uma “carteira de alternativas” destinada a “ter uma taxa de câmbio diferenciada para os turistas”. Ele deu declarações durante uma entrevista coletiva.
Segundo o ministro, o objetivo é que os turistas “possam se estabelecer no mercado formal”, seja por meio de cartões de crédito ou outros mecanismos, e “possam ter acesso a uma taxa de câmbio diferenciada, mais próxima” das cotações paralelas.
A Argentina aplica fortes controles cambiais para o acesso à taxa de câmbio oficial, de modo que transações paralelas proliferam, desde o mercado de ações às trocas nas ruas.
A diferença entre a taxa de câmbio formal e as paralelas passa de 130% em alguns casos: o câmbio por atacado era de 129,39 pesos por dólar nesta quarta-feira, enquanto o chamado “dólar MEP” era negociado a 297,14 pesos, e o “com liquidação” a 303,8 pesos.
O MEP é obtido por meio da compra de ativos cotados em pesos e dólares, pagos em pesos quando comprados e vendidos em dólares na bolsa de valores argentina. E o “com liquidação” consiste em comprar ações ou títulos localmente com pesos argentinos e vendê-los em dólares em Wall Street. Já o chamado dólar “blue”, o mercado informal para a moeda, era negociado hoje a 301 pesos.
Devido à diferença cambial, quando turistas estrangeiros gastam seus dólares na Argentina, eles preferem trocá-los na taxa de câmbio informal para obter mais pesos argentinos.
Lammens reconheceu que “a diferença da taxa de câmbio significa que os turistas que chegam, especialmente os dos países vizinhos, vão ao mercado informal” para trocar dólares.
Os dólares que os turistas trazem para a Argentina não entram no mercado formal de câmbio e, portanto, ficam fora das reservas internacionais.
– Precisamos fortalecer as reservas do Banco Central – acrescentou ele.
O ministro ressaltou ainda que “o turismo é um dos principais geradores de moeda estrangeira para a Argentina”.
*EFE