A secretária médica Sheila Seleoane, de 61 anos, foi encontrada morta no início deste ano, em seu apartamento em Londres, na Inglaterra. A história chama atenção porque o corpo foi encontrado quase três anos depois do falecimento.
Segundo o jornal The Guardian, Sheila não tinha familiares próximos e nem amigos. Ela sequer foi procurada após parar de pagar o aluguel, em 2019.
O corpo só foi descoberto depois de um alerta à polícia local sobre danos em uma porta da varanda do apartamento em Peckham, sul de Londres, causados por tempestades. Sem resposta da moradora, as autoridades forçaram a entrada.
Ainda de acordo com apuração do jornal britânico, vizinhos repetidamente reclamavam do cheiro vindo do espaço, mas a Peabody Trust, associação habitacional que age como gestora do imóvel, ignorou a questão.
Relatos dos vizinhos trazidos pelo jornal dão conta do aparecimento de larvas e moscas vindas do apartamento semanas depois da interrupção de pagamentos de aluguel, em agosto de 2019. Em outubro de 2020, um vizinho mencionou que o cheiro era “como de um cadáver”.
Já os dirigentes da Peabody disseram ao relatório que buscaram garantir “qualquer contato” com Seleoane, mas preferiram o envio de e-mails, mensagens de texto, carta ou ligação telefônica e enviaram registros como evidência de que o trabalho havia sido feito.
Em nota, assinado pelo CEO da Peabody, Ian McDermott, e publicado pelo Guardian, a empresa afirma estar “devastada” com o que aconteceu.
– Sentimos muito por nossa parte nisso e pedimos desculpas a Sheila, sua família e a todos que vivem em Lord’s Court. Ao agir neste caso, não fizemos a pergunta mais fundamental: Sheila está bem? – diz o comunicado.
A situação, descoberta em fevereiro deste ano, mas que teve detalhes divulgados somente essa semana, gerou grande repercussão no Reino Unido, tanto em relação ao trabalho da Peabody quanto às falhas das autoridades locais.
O inquérito mostra que um gerente da Peabody pediu à polícia que fizesse uma verificação de bem-estar em outubro de 2020. Mas, por um erro de processo, a polícia informou ao gerente da associação que agentes falaram com a moradora, que estava “segura e bem”.
Ainda assim, a verificação só foi feita mais de um ano depois da estimativa de morte de Sheila Seleoane. Seus últimos cupons de compra de comida, encontrados no apartamento, junto com o corpo, são de agosto de 2019.