Ouvi de entendidos (e minhas memórias comprovam) que Goiana perdeu a bússola que a guiava e em torno da qual orbitava a política local. Oswaldo Rabelo Filho se foi. E permanece como sombra e andor. É assim. Os que se sobressaem seguem vivos nos discursos que os descrevem como maravilhosos defensores do povo. Discursos estes que são antagônicos aos ouvidos atentos. O que se diz sobre a Educação no nosso território é prova – obras de escolas inacabadas contra nome em homenagem no maior complexo educacional que (sabe-se pouco) será construído no nosso território.
Mas, estejamos com os pés e mentes no presente. Cachimônia cidadã se faz necessária. Somente ela nos catapultará para uma outra realidade. O herdeiro (como se nosso território fosse item de testamento) anunciou seus escolhidos para 02 de outubro e mandou recado nada velado à famosa máquina, já à disposição. Eduardo Honório, o herdeiro, é um cidadão. Como tal, anúncios deste tipo são concedidos. E é tudo o que é concedido. Ora, falamos de utopia – a máquina se move em todo lugar, em todos os níveis, em todas as canetas. Sim, falamos de utopia na prática. A revolução é cidadã e cidadania não levanta nem baixa a cabeça porque tudo tem a medida dela.
Esta eleição é a cidadania contra a anticidadania. E vamos entender no supapo o que significa uma coisa e outra. Curso de três anos em quarenta e cinco dias. Primeira aula: não é eleição, é contratação com prazo para demissão, ou não. Segunda aula: há requisitos que avançam com a história, os atuais são ser radicalmente contra o orçamento secreto (R$ 5, 6 bilhões em junho último) no qual nosso dinheiro compra apoio na surdina (e há beneficiados em todos os campos políticos, a diferença está em qual deseja que permaneça e qual defende o seu fim) e radicalmente a favor da manutenção da vida sobre a Terra. Terceira aula: a defesa das liberdades individuais cidadãs é condição de contratação (e não inclui falsas liberdades como porte de arma, defesas racistas ou posições anti-LGBTQIA+). Quarta aula: Deus (ou qual nome guie a fé pessoal) não é candidato a empregado/a/x.
Pessoa tal é pessoa tal. Slogans assim pululam. Resumem toda uma proposta (quando há) de atuação política e facilitam a impressão de santinhos e confecção de bandeiras. Mas a cachimônia precisa ir além dos resumos e ler os livros, precisa compreender o todo para juntar as partes.
Nosso território precisa que sejamos mais que seguidores de cortejos fúnebres. Afetos privados não podem definir atitudes públicas. Os cidadãos que o cidadão na qualidade de empregado prefeito apoia são afetos privados. A máquina é pública.
Enquanto a cachimônia cidadã não estiver no comando teremos os afetos privados dando as cartas de um jogo onde todos os que jogam são vencedores. Simbora goianenses entrar no jogo. Na paz. Na inteligência. No diálogo guiado pela empatia informada pelas condições de contratação já citadas. Este diálogo pode inclusive dar boas-vindas a quem, numa crítica respeitosa e nunca subserviente, abandonar o cortejo, deixando-o seguir sua rota rumo ao seu lugar na nossa história comum.
Cristina França é goianense, jornalista e tradutora pública.