Os governos de Brasil e Coreia do Sul firmaram um memorando de entendimento para unir esforços em prol da atração de uma fábrica de chips e semicondutores que venha a ser instalada no país. As negociações giram em torno da Samsung, uma das líderes mundiais do segmento.
A informação foi compartilhada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, em entrevista à imprensa durante o Seminário 5G.BR, organizado pela própria pasta.
– Temos um memorando de entendimento com o governo da Coreia do Sul (…). Eles estão conversando com a Samsung sobre a possibilidade criar um hub no Brasil – disse Faria.
A ideia seria erguer uma fábrica capaz de produzir peças que possam abastecer a indústria local, bem como serem exportadas para países da América Latina, Europa e África.
– O Brasil é um ponto estratégico para isso – explicou o ministro.
Se confirmada, a construção da planta industrial ficaria por conta da iniciativa privada, com possíveis benefícios tributários a serem oferecido pelo estado onde a unidade seria sediada. Mas, por ora, não há nada concreto.
O ministro comentou que o mercado de chips e semicondutores depende muito da produção de Taiwan, que atravessa uma fase de tensões geopolíticas com as disputas entre China e Estados Unidos, o que reforça a necessidade de se buscar alternativas para garantir o fornecimento dos insumos.
O problema, entretanto, não é novo. Trata-se de uma lacuna de mercado que se arrasta há vários meses diante da crise global provocada pela pandemia da Covid-19 e, depois, pela guerra no leste europeu – fatores que afetaram a cadeia logística ao redor do mundo.
Além disso, a chegada da internet móvel de quinta geração (5G) também vai abrir o mercado da chamada “internet das coisas”. Isto é, comunicação entre equipamentos – o que irá engrossar a demanda por chips e semicondutores nos próximos anos.
Faria disse que também buscou diálogo com a Intel para instalação de uma unidade no Brasil. Segundo ele, a empresa teria respondido que procurou o governo brasileiro anos atrás, mas não chegou a um entendimento. Com isso, a Intel abriu sua fábrica na Costa Rica – isso foi nos idos de 2008.
LIQUIDAÇÃO DA ESTATAL
O governo de Jair Bolsonaro determinou a liquidação do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal que era a única produtora de chips e semicondutores na América Latina.
Com sede em Porto Alegre, a Ceitec foi criada por lei em 2008, ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia era ter uma grande fabricante nacional no setor. O problema é que a empresa sempre foi dependente do Tesouro Nacional; ou seja, precisava de recursos dos cofres públicos para bancar despesas correntes e salários.
Sem dar lucro e considerada ineficiente, a estatal se tornou alvo do atual governo, que anunciou uma extensa lista de privatizações. Em 2021, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) recomendou a extinção da Ceitec, e o decreto presidencial que oficializou a decisão foi publicado em dezembro do ano passado.
*AE