Se as menções – e os elogios – ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) foram vistas como um gesto ao eleitor de centro, a promessa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de renegociar as dívidas das famílias brasileiras representa um aceno aos apoiadores do ex-ministro Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência da República. A declaração faz parte da estratégia de atrair o voto útil para tentar vencer a eleição presidencial ainda no primeiro turno e está respaldada em um dado apresentado pelas pesquisas: 36% dos eleitores do pedetista consideram Lula como segunda opção de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada no final do mês de julho. Mais do que isso, o compromisso com as famílias inadimplentes mira o eleitorado feminino, público no qual o núcleo duro da campanha avalia que o petista podia melhorar o seu desempenho.
“Nós temos quase 70% das famílias brasileiras endividadas e a grande maioria delas é mulher, 22% endividada porque não pode pagar a conta de água, a conta de luz, a conta do gás. Nós vamos negociar essa dívida. Pode ficar certo que nós vamos negociar com o setor privado e com o sistema financeiro”, disse Lula em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo. Em primeiro lugar, a promessa é um aceno às mulheres, um dos focos da campanha do petista. O ex-presidente lidera entre o público feminino, com 46% das intenções de voto neste segmento. A título de comparação, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que aposta na figura da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para melhorar sua avaliação neste recorte, tem 26%. Por outro lado, ao citar uma ideia apresenta por Ciro Gomes em 2018, repetida na campanha deste ano, Lula busca o eleitor do pedetista. Como as pesquisas apontam a possibilidade de vitória em primeiro turno, aliados do ex-presidente dizem que o destino dos votos do pedetista podem definir o pleito.
No plano de governo apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ciro Gomes afirma que “o elevado endividamento privado de famílias e empresas e deverá ser renegociado, com taxas de juros menores e prazos mais longos de pagamento (incluindo as dívidas com o FIES), com programa a ser iniciado pelos bancos públicos, ao qual poderão aderir os bancos privados”. Mais do que um aceno ao eleitor do candidato do PDT, o comitê de campanha de Lula avalia que a declaração foi importante porque dialoga com as mulheres, consideradas a principal porta de entrada para o segmento evangélico, estrato em que Bolsonaro lidera com ampla vantagem. “Lula sempre disse que sua ideia era focar nos problemas da vida real; falar com o bolso, não com a Bíblia. O endividamento das famílias é um assunto que toca, em especial, as mulheres. Por isso foi um gesto importante”, disse à Jovem Pan um aliado do ex-presidente. Pelo Twitter, o coordenador da comunicação da campanha de Lula, o deputado federal e ex-presidente do PT Rui Falcão disse que o ex-presidente foi “gigante” na entrevista ao Jornal Nacional.
*Radar Político365 com informações da Jovem Pan.
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