O bolívar, moeda da Venezuela, se desvalorizou 21% em relação ao dólar em uma semana. A informação consta em um relatório divulgado, nesta sexta-feira (26), pelo Banco Central do país (BCV), que situa o preço da divisa americana em 7,85 bolívares.
Na sexta-feira da semana passada, o dólar fechou a 6,18 bolívares no mercado oficial, o que representa um aumento no preço de 27%, uma alta inédita nos últimos meses. O índice tem impacto direto nos preços das mercadorias e serviços, calculados, em sua maioria, em moeda americana.
Por outro lado, a cotação do dólar no mercado paralelo, que rege diversas transações, subiu 23%, passando de 6,95 bolívares para 8,56 nesta semana, o que desvalorizou a moeda local em 18%, segundo o portal Monitor Dólar Venezuela, que oferece a cotação diária levando em conta vários marcadores.
As autoridades vinham fazendo esforços para conter o câmbio oficial e, consequentemente, a inflação. Foi implementada uma estratégia que consiste em controlar a demanda por dólares, reduzindo a emissão de bolívares necessários para comprar moeda estrangeira, por meio da redução dos gastos públicos e da restrição de créditos bancários.
No entanto, como explicou à Agência EFE o economista-chefe da empresa Ecoanalytic, Luis Arturo Bárcenas, o governo de Nicolás Maduro recentemente efetuou uma “injeção significativa” de bolívares na economia após pressão de funcionários públicos, que exigiram o pagamento de benefícios trabalhistas. A solicitação dos trabalhadores ocorreu em meio à falta de dólares suficientes para compensar o aumento da demanda por essa moeda.
O especialista explicou ainda que a Venezuela “enfrenta problemas para gerar divisas em dinheiro com as vendas de petróleo” devido às sanções financeiras impostas à Rússia pela guerra na Ucrânia. Grande parte dos pagamentos recebidos pelo país caribenho passa pelo gigante país euro-asiático.
Na opinião de Bárcenas, a recente alta do dólar “revela o quão frágil é manter a estabilidade cambial por meio de intervenções para a venda de moeda estrangeira, sem atacar o problema subjacente”, que é, segundo frisou, a falta de confiança e credibilidade do venezuelano em sua moeda e nas ações do BCV.
Após a alta do preço, alguns economistas prevêem que a inflação acelere em agosto, após registrar taxas mensais de 11,4% e 7,5%, respectivamente, em junho e julho, as duas maiores altas até agora no ano.
*EFE