Para falar sobre os desafios do Brasil frente o atual contexto da economia mundial, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o empresário e cientista social Marcos Troyjo, que hoje preside o Banco dos Brics e assume uma cadeira na Academia Internacional de Direito e Economia nesta sexta-feira, 16. Para analisar o papel do nosso país na economia global e seu destaque cada vez maior, o especialista ressaltou o dado de que, em anos recentes, os chamados E7, grupo de países emergentes composto por China, índia, Brasil, Indonésia, Rússia, México e Turquia, já representam um PIB combinado, medido pela paridade do poder de compra, 20% superior ao do G7, com Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá e Itália: “Quando você passa, que é o caso da Índia, de uma renda per capta de US$ 3 mil para US$ 6 mil no espaço de cerca de dez anos, o que a experiência e a literatura mostram é que as pessoas comem mais. O destino dessa renda adicional é o consumo de alimentos, ingestão de calorias e investimento em infraestrutura. De modo que, dos quatro maiores produtores agrícolas mundiais, China, Estados Unidos, Brasil e Índia, o Brasil é aquele que apresenta a mais favorável conjunção entre potencial de produção, potencial exportador e diversificação de culturas. O que já se verifica no fato de que 1 em cada 5 pratos de comida consumidos no mundo vem do Brasil”.
“É um pouco do que acontece com a Arábia Saudita no campo dos combustíveis fósseis, do petróleo. Hoje o maior produtor de petróleo são os Estados Unidos, a Rússia em segundo lugar e Arábia Saudita é a terceira. É justamente na Arábia Saudita que você tem um diferencial grande entre consumo interno, potencial de exportação. De modo que o Brasil tem todas as condições de se tornar um país rico com uma renda média superior a US$ 20 mil, no espaço de 15 anos, se fizer as escolhas estratégicas certas e saber utilizar essas vantagens comparativas para diversificar a sua economia”, projeta o empresário. Como presidente do Banco dos Brics, Troyjo também defendeu o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, apesar da iniciativa ter perdido fôlego nos últimos anos: “Os Brics surgiram pela primeira vez no começo dos anos 2000. Em 2001, quando um economista do banco de investimentos Goldman Sachs fez uma espécie de previsão para o futuro e identificou que por volta dos anos de 2030, Brasil, Rússia, Índia e China representariam uma fatia muito grande da economia mundial. Isso aconteceu. Se você olhar hoje, os Brics representam um PIB maior, medido pela paridade do poder de compra, do que o G7, como eu estava mencionando agora a pouco”.
Para o especialista, as mudanças globais desde o surgimento da ideia do Brics provam que o grupo ainda tem grande potencial de articulação da economia global: “Houve sim uma mudança das placas tectônicas da economia global que favoreceu essas grandes economias emergentes. Esse desempenho foi muito mais impressionante na China e na Índia, por exemplo, do que no Brasil e na Rússia. Mas aquilo que era, há 20 anos atrás, sinônimo de uma futurologia da economia global se transformou em um processo de consultas e coordenação. O G7, por exemplo, se reúne há mais de 30 anos e dele nunca surgiu uma instituição. Como você bem lembrou, essa plataforma Brics, que tem mais de 150 reuniões por ano que envolvem ministros conseguiu iniciar um processo de construção institucional que resultou, por exemplo, em um novo banco de investimento que é um bebê, tem 7 anos, e já conseguiu aprovar cerca de 90 projetos na área de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, US$ 32 bilhões em projetos aprovados, praticamente R$ 170 bilhões”.
*Radar Político365 com informações da Jovem Pan.
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