A missão de investigação da ONU na Ucrânia concluiu, após visitar o país, em junho, que a Rússia cometeu crimes de guerra durante a chamada “operação militar especial, aprovada pelo presidente russo, Vladimir Putin. A conclusão foi anunciada nesta sexta-feira (23) pelo presidente da comissão tripartite formada para apurar os fatos, Erik Mose, em apresentação ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
– Ficamos chocados com o grande número de execuções cometidas nas áreas que visitamos – indicou o representante da missão, que admitiu que foram recebidas denúncias confiáveis de crimes de guerras em diversos tipos de regiões. Muitos dos assassinados foram pessoas que estavam anteriormente presas, disse Mose.
O presidente da missão indicou que as vítimas, em muitos casos, estavam com as mãos amarradas às costas, apresentavam ferimentos na cabeça, cortes na garganta e outros indícios de execuções sumárias. Além disso, Mose também denunciou que militares russos cometeram violência sexual e de gênero contra vítimas com idades que variam de “quatro a 82 anos”.
Em alguns casos, familiares eram forçados a ver como parentes eram agredidos ou torturados. A missão – formada também pelo colombiano Pablo de Greiff e pela bósnia Jasminka Dzumhur – “documentou casos em que crianças foram violentadas, torturadas e detidas ilegalmente”, com alguns casos resultando em assassinatos.
Testemunhas entrevistadas pela missão relataram ter sido submetidas a espancamentos, choques elétricos e nudez forçada durante detenções ilegais, em alguns casos após terem sido levadas da Ucrânia para território russo.
Mose também denunciou o uso reiterado de artefatos explosivos em regiões não militares, que atingiram zonas residenciais, escolas, hospitais, entre outras infraestruturas. Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, cerca de 6 mil civis morreram em sete meses de conflito na Ucrânia.
– Alguns dos ataques que investigamos foram lançados sem distinção entre civis e combatentes – disse o norueguês que integra a missão das Naçõse Unidas.
Os resultados são os primeiros a serem divulgados pelo grupo desde a criação pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, seis meses atrás, abrangendo em particular atos registrados em fevereiro e março nas áreas ao redor de Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sum y.
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