Prestes a completar um mês, os protestos no Irã contra a morte de Mahsa Amini, 22 anos, morta após ser levada pela polícia da moral, seguem acontecendo e ficando mais intensos, com manifestação dos estudantes e greves em fábricas em várias regiões do país, apesar da repressão sangrenta. A ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, já contabilizou 95 mortes na repressão às manifestações. O último balanço oficial das autoridades menciona, ainda, 18 membros das forças de segurança mortos. Imagens exibidas nesta segunda-feira, 10, pela IHR mostra que houve atos estudantis na Universidade de Gilan e na Escola de Moças de Mahabad, ambas no norte do país. Nesta última, as estudantes tiraram o véu em sinal de protesto. Em Teerã, uma multidão se concentrou nesta segunda em frente à Universidade Politécnica para denunciar a “pobreza e a corrupção” no Irã, enquanto gritavam “morte à ditadura”. Atos como esses já tinham sido registrado nos dias anteriores. No domingo, estudantes da Universidade de Azad mostravam as mãos tingidas de vermelho para denunciar a repressão às manifestações. De acordo com a ONG Center for Human Rights in Iran (CHRI), com sede em Nova York, também houve concentrações em outras universidades, como a de Amirkabit.
A escalada do movimento fez trabalhadores do setor industrial aderirem ao movimento. Vídeos compartilhados por veículos de comunicação persas baseados no exterior mostram operários queimando pneus em frente à fábrica de Asaluyeh, no sudeste do país. Também teriam ocorrido greves em fábricas de Abadan (oeste) e Kengan (sul). As manifestações são classificadas pelas autoridades como “distúrbios”. Eles também acusam países estrangeiros de promover os protestos, especialmente os Estados Unidos, inimigos declarados do Irã. Nesta segunda, o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Nasser Kanani, declarou que o governo deve “proteger a segurança da nação e dos cidadãos e não pode permanecer de braços cruzados diante do caos e da desordem”. Em Sanandaj, capital da província do Curdistão iraniano (noroeste), de onde Masha Amini era originária, as forças de segurança usaram “armas pesadas” no domingo à noite, denunciou a ONG de defesa de direitos humanos Hengaw. A organização destaca que bairros residenciais foram atacados com “metralhadoras” nesta cidade, cenário dos protestos mais importantes.
Em represália as atitudes das autoridades iranianas e em apoio as manifestações, novas sanções foram importas ao Irã. Depois dos Estados Unidos e do Canadá, o Reino Unido anunciou nesta segunda-feira sanções contra as autoridades iranianas e a polícia da moralidade, acusada de responsabilidade na morte da jovem curda. O Parlamento Europeu pediu, por sua vez, que a Comissão do bloco adote sanções. A questão será debatida na próxima reunião de ministros das Relações Exteriores dos 27 países-membros, em 17 de outubro. Segundo várias organizações pró-direitos humanos, cerca de 100 jornalistas, ativistas, artistas e membros da sociedade civil foram presos pelas autoridades do Irã desde o início do movimento de contestação. Outras personalidades iranianas tiveram seus passaportes confiscados por apoiarem os manifestantes. Entre elas, estão a lenda do futebol Ali Daei (que teve o documento devolvido depois), o cantor Homayoun Shajarian e sua esposa, a atriz Sahar Dolatshahi, e o cineasta Mehran Modiri, segundo a agência de notícias Ilna.
*Radar Político365 com informações da Jovem Pan.
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