O ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou considerar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pode conseguir se reeleger. O economista declarou apoio ao ex-presidente Lula (PT) em setembro deste ano, antes do primeiro turno.
– Lula é favorito, mas ainda acho que Bolsonaro pode vencer – afirmou, em entrevista à empresa de consultoria de risco político Eurasia Group.
Meirelles disse que “é necessário entender qual linha” Lula vai adotar em relação à política econômica caso seja eleito. O ex-ministro mostrou pessimismo, dizendo haver incertezas e predominância de ideias de economistas estatizantes. Ele disse, por exemplo, que caso a guinada econômica seja feita por meio do atual programa da campanha petista, pode ser uma “má notícia”.
– Nós vimos três diferentes governos de Lula. O primeiro (entre 2003 e 2006), com responsabilidade fiscal, o segundo (entre 2007 e 2010), com um certo afrouxamento no lado fiscal e mais aberto a demandas políticas. No terceiro, sem ser presidente, mas com apoio de Lula, terminamos em uma recessão. A principal questão é qual Lula vai assumir, caso ganhe – assinalou.
O ex-ministro também falou que Dilma Roussef (PT) teria sido eleita pela primeira vez, em 2010, por causa dos altos índices de aprovação do então presidente Lula.
– Ele decidiu apoiá-la mesmo com conselheiros afirmando [à época] que ela teria uma abordagem diferente para o lado fiscal. Como resultado, veio a recessão – disse.
Segundo o economista, que também atuou como secretário da Fazenda do estado de São Paulo, a situação de um eventual governo Lula “depende”. Para ele, caso o atual programa de campanha seja colocado em prática, como o desenho feito para os próximos anos se assemelha ao que foi feito para o período de Dilma no Planalto, o cenário não deve ser favorável.
– São economistas que acreditam fortemente no papel do Estado e de estatais para o desenvolvimento.
Meirelles também afirmou que “existe um grupo de economistas mais liberais que está apoiando o candidato do PT, que se importa mais com o lado da responsabilidade fiscal”.
*Com informações da AE