O Partido Liberal (PL) irá anunciar na próxima terça-feira, 8, em Brasília, que será oposição ao futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação foi confirmada com exclusividade ao site da Jovem Pan por uma pessoas próxima ao dirigente máximo da sigla que abrigou a candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), Valdemar Costa Neto. Após eleger quase 100 deputados federais para a próxima legislatura, políticos importantes da sigla que conversaram com a reportagem confirmaram que o PL não será base do próximo governo. O posicionamento público de quadros do partido ocorre no momento em que passou-se a discutir, nos bastidores, a possibilidade de Costa Neto costurar um acordo que resultasse no apoio ao PT. Esta hipótese, segundo apurou a Jovem Pan, motivou uma reação de bolsonaristas no grupo de WhatsApp da legenda – uma ala rejeitou, de forma enfática, esta aproximação.
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) disse que o próximo bloco de oposição, que contará com a sua presença, será o “maior da história do país”. Já o também deputado Marco Feliciano (PL-SP) pontuou que ter um posicionamento contrário aos petistas reafirma a coerência da sigla, que abrigou nomes ligados ao atual presidente durante as eleições. “Não posso falar pelo partido, mas adianto que farei uma oposição ferrenha”, disse parlamentar, uma das lideranças da bancada evangélica no Congresso.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do governo Bolsonaro no Senado, diz que a oposição a Lula é um caminho natural a ser seguido pelo PL e afirma que são muitas as diferenças entre os aliados de Bolsonaro e o núcleo duro do futuro novo governo. “Somos oposição, porque somos antagônicos. Ficou muito claro o que nos distingue, tanto o presidente Bolsonaro em relação ao seu adversário eleito, o presidente Lula, mas também o que pensam os parlamentares da base [do atual governo] em relação aos nossos adversários. É uma oposição orgânica, natural, porque somos a favor do Estado mínimo, eles são a favor do Estado inchado, do aumento dos ministérios. Porque somos a favor da reforma trabalhista, enquanto o outro lado quer rever todas as reformas que foram levadas adiante nos governos passados”, disse. “São tantas as diferenças que, não tenho dúvida, a oposição virá de forma orgânica”, acrescentou.
A reunião que ocorrerá nos próximos dias já está anunciada no site do partido e terá a presença dos parlamentares eleitos. Entre as pautas que serão discutidas, está o posicionamento sobre votações consideradas importantes e de impacto para a população de baixa renda, como o aumento do salário mínimo e a manutenção em R$ 600 do valor que será pago pelo Auxílio Brasil, que voltará a ser chamado de Bolsa Família no terceiro governo Lula. Neste momento, há um impasse dentro do partido.
Na reta final da campanha eleitoral, o PL defendeu a sequência do pagamento do benefício neste patamar. Há quem diga, ainda, que é impossível votar contra esta proposta, uma vez que também se tratava de uma promessa de Bolsonaro. Por outro lado, uma ala da sigla pondera que entregar “preciosos votos” a Lula, neste momento, daria uma vitória ao novo governo antes mesmo da posse. Este grupo admite, no entanto, que rejeitar a chamada “PEC da Transição” trará um desgaste junto à população.
JP