A terrível ditadura da Coreia do Norte, a fim de iludir o mundo sobre o estilo de vida que se leva por lá, está cooptando jovens para mostrar nas redes sociais uma fantasia: um modelo de vida que raramente se pode ter no país mais isolado e secreto do mundo, submetido às ordens do ditador Kim Jong-un.
Uma mulher que se autodenomina YuMi e que mora na Coreia do Norte, tem um canal no YouTube onde mostra em seus vlogs uma aparente normalidade em seu cotidiano, em um vídeo de quatro minutos que chegou a ter 41 mil visualizações na plataforma.
Especialistas afirmam que a realidade é muito distante dessas que aparecem nesses vídeos e sinalizam que algumas pessoas têm estilos de vida diferenciados em razão da classe pertencente, mas que isso representa uma parcela ínfima da sociedade.
O pesquisador do Centro de Banco de Dados de Direitos Humanos da Coreia do Norte, Park Seong-cheol, disse que os vídeos de YuMi, por exemplo, “parecem uma peça bem preparada” com roteiro do governo norte-coreano.
Os especialistas ressaltam que a youtuber é uma exceção, já que possui acesso às redes sociais, tem acesso a dispositivo de filmagem e certa autonomia de circulação.
– Conectar-se com o mundo exterior é uma coisa impossível para um residente – alertou Ha Seung-hee, professora pesquisadora de estudos da Coreia do Norte na Universidade de Dongguk.
YuMi não está sozinha na concessão desse “privilégio”. Uma garota de apenas 11 anos, que se autodenomina Song A, estreou no YouTube em abril de 2022 e já tem mais de 20 mil inscritos.
– Meu livro favorito é Harry Potter escrito por J. K. Rowling – declara Song A em um de seus vídeos, que omite as regras da Coreia do Norte, proibindo a cultura estrangeira, principalmente de países ocidentais.
Estudiosos da cultura do país sinalizam que esta estratégia é nova e a classificam como “relacionabilidade”.