O ex-presidente Michel Temer (MDB) mostrou sua visão – negativa – acerca de prisão preventiva de ex-chefes do Executivo. Questionado sobre uma eventual prisão de Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias, o emedebista disse que não acha “útil” para o país.
– Ao prender um ex-presidente, em vez de produzir efeitos negativos, você o vitimiza. Não é útil para o país – disse em entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira (1º).
Para o político, ex-presidentes da República devem ser tratados de forma diferenciada pela polícia e pelo Judiciário, mas que isso “não significa que quem tenha praticado maiores excessos de corrupção não possa ser detido”.
– Mas deveria haver uma legislação que previsse um tratamento adequado à figura do ex-presidente – aponto.
Ainda sobre o caso das joias, Temer avalia que a definição de presente personalíssimo, recebido por um presidente da República, não é clara.
– Houve várias tentativas de se disciplinar os recebimentos de presentes, isso não vem de agora. Quando houve uma pequena disciplinação, em 2018, ela foi revogada em 2021 – falou.
– Bolsonaro partiu da concepção de que são objetos pessoais. Em sendo pessoais, poderia ficar com eles ou vendê-los. É um tema complicado. Não é fácil distinguir uma coisa da outra – ponderou Temer.
Michel Temer passou pela experiência de ser preso após o mandato. Em março de 2019, ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal, como um dos alvos do desdobramento da Operação Radioatividade, que investigou desvios nas obras da Usina Nuclear de Angra 3. O ex-presidente costuma dizer que não foi preso, mas “sequestrado”.
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