O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, apelou neste sábado (14) a Israel para parar os ataques a Gaza, alertando que a guerra pode se expandir para outras partes do Oriente Médio se a milícia libanesa Hezbollah se juntar à batalha, e isso faria Israel sofrer “um enorme terremoto”, segundo ele.
Amirabdollahian disse a jornalistas em Beirute, no Líbano, que Hezbollah levou em consideração todos os cenários de uma guerra e que Israel deveria parar os ataques a Gaza o mais rapidamente possível.
Israel considera o Hezbollah a ameaça imediata mais séria, estimando que tenha cerca de 150 mil foguetes e mísseis, incluindo mísseis guiados de precisão que podem atingir qualquer lugar em Israel. O grupo, que conta com milhares de combatentes experientes, que participaram no conflito de 12 anos na Síria, também possui diferentes tipos de drones militares.
Os combatentes do Hezbollah estão em alerta total ao longo das fronteiras do Líbano com Israel, após o ataque do último sábado (7) pelo grupo terrorista Hamas, que deixou centenas de civis e soldados israelenses mortos.
Neste sábado, os militares israelenses anunciaram que um ataque de drones israelenses ao longo da fronteira com o Líbano matou uma “célula” que tentava infiltrar-se em Israel. Nesta sexta-feira (13), o Hezbollah disse que os seus combatentes dispararam vários foguetes contra quatro posições israelenses ao longo da fronteira.
Na tarde deste sábado, combatentes do Hezbollah dispararam foguetes e projéteis contra posições israelenses nas disputadas Fazendas de Shebaa, na fronteira entre Israel e o Líbano. As tropas israelenses dispararam contra áreas próximas no Sul do Líbano.
A agência de notícias estatal do Líbano informou que um homem e sua mulher foram mortos no bombardeio israelense contra uma vila na fronteira, enquanto o Hezbollah informou que um de seus combatentes também foi morto neste sábado.
Amirabdollahian discutiu em Beirute a situação em Gaza e na região com o principal funcionário do Hamas no exílio, Saleh Arouri, e o líder do grupo Jihad Islâmica Palestina, Ziad Nakhaleh, de acordo com a TV Al-Manar, do Hezbollah.
Representantes do Hamas disseram repetidamente que o ataque do último sábado ao Sul de Israel, que matou mais de 1.300 pessoas no país, foi obra do grupo palestino e que o Irã não teve nada a ver com isso. Representantes do Hamas não responderam aos pedidos da Associated Press para confirmar e dar detalhes sobre a reunião.
Amirabdollahian deixou Beirute na tarde de sábado, após uma viagem que ao Iraque, Síria e Líbano, onde Teerã goza de ampla influência. Ele disse que se encontrou na sexta-feira (13) com o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, que o informou sobre as condições do grupo no Líbano.
– Conheço os cenários que o Hezbollah planejou – disse Amirabdollahian.
– Qualquer passo que a resistência [Hezbollah] tome, causará um enorme terremoto na entidade sionista (Israel).
Amirabdollahian acrescentou:
– Quero alertar os criminosos de guerra e aqueles que apoiam esta entidade antes que seja tarde demais para parar os crimes contra civis em Gaza, porque pode ser tarde demais dentro de algumas horas.
De olho no Hezbollah, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou outros grupos e países do Oriente Médio para não se juntarem ao conflito, enviou navios de guerra americanos para a região e prometeu total apoio a Israel.
O ministro iraniano disse que entrará em contato com responsáveis da ONU no Oriente Médio porque “ainda há uma oportunidade de trabalhar numa iniciativa (para acabar com a guerra), mas pode ser tarde demais amanhã”.
A possibilidade de uma nova frente no Líbano traz de volta memórias amargas de uma violenta guerra de um mês entre o Hezbollah e Israel, em 2006, que terminou num impasse e numa tensa distensão entre os dois lados.
*AE