O Procurador da Venezuela, Tarek William Saab, confirmou neste sábado (9) a detenção de Emill Brandt Ulloa, coordenador da campanha da líder opositora María Corina Machado, a quem as autoridades acusam de supostos atos de conspiração e violência.
Após organizações de defesa dos direitos humanos denunciarem a detenção do líder, o procurador se pronunciou no sábado, na rede social X, afirmando que havia um mandado de prisão para Brandt Ulloa por estar, segundo ele, “evadido da justiça” por não comparecer a uma convocação no Ministério Público.
A prisão ocorreu no estado de Barinas, sudoeste do país, de acordo com o procurador. Saab acrescentou que Brandt Ulloa é acusado pelos supostos crimes de conspiração, violência de gênero e desacato a policiais e militares mulheres, alegadamente cometidos em 15 de janeiro de 2024 em Barinas.
Nessa data, que marcou o Dia do Professor na Venezuela, ocorreu uma manifestação de professores na cidade, após um líder sindical e militante do movimento Vente Venezuela de Machado ter sido detido, acusado de pretender realizar atos violentos.
Saab vinculou esse incidente a um suposto plano “para executar ações terroristas” em Táchira no início de janeiro. Brandt Ulloa coordenava a campanha de María Corina Machado em Barinas, estado natal do falecido presidente Hugo Chávez e antigo bastião do partido governista, onde aparentemente o apoio diminuiu nos últimos anos.
A líder opositora qualificou a prisão do seu diretor de campanha como um “sequestro”, que atribuiu “ao regime de Nicolás Maduro”. A prisão teria ocorrido horas após sua turnê presidencial passar pelo estado de Barinas, afirmou Machado, que liderou várias caravanas entre simpatizantes naquela região, entre quinta (7) e sexta-feira (8).
No Instagram, María Corina pediu “forte apoio aos atores nacionais e internacionais que apoiam uma verdadeira eleição presidencial na Venezuela”. A política lembrou que há mais de um mês outros três diretores de campanha nos estados de Trujillo, Vargas e Yaracuy “estão presos no Helicoide”, uma prisão em Caracas denunciada por supostas práticas que violam os direitos humanos.
Em fevereiro, outra prisão causou polêmica envolvendo a advogada e ativista de direitos humanos Rocío San Miguel, que também é acusada pela procuradoria de conspiração e tentativa de magnicídio, sobre a qual, segundo seus advogados, não foram apresentadas provas que respaldem a acusação. A detenção da ativista gerou condenação internacional por parte de organizações de defesa dos direitos humanos.
Machado venceu as eleições primárias com mais de 90% de apoio para enfrentar Maduro nas eleições presidenciais, mas pesa sobre ela uma proibição de participação política. Apesar de sua inelegibilidade, a opositora disse que continuará “até o final” das eleições, marcadas para 28 de julho pelo Conselho Nacional Eleitoral.
*AE