A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro conclamou de maneira firme suas correligionárias do Partido Liberal (PL) na Bahia a “macetar” a liberação das drogas, do aborto e da “ideologia de gênero”. A fala foi feita por ela durante um encontro do PL Mulher, em Salvador, neste sábado (9).
– Nós precisamos, como diz aqui na Bahia, nós precisamos macetar. Mas é macetar a legalização do aborto, macetar a legalização das drogas. Nós vamos macetar essa ideologia de gênero do mal. Vamos macetar tudo aquilo que o inimigo e essa extrema esquerda maldita, que é usada para o mal, querem implantar na nossa sociedade. Nós não aceitamos, mulheres – disse.
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal desde 2015. Na última quarta-feira (6), o julgamento do caso foi suspenso após o ministro Dias Toffoli pedir mais tempo para análise. A Corte também iniciou a votação sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana da gestação. Não há previsão de o tema retornar à pauta do Plenário.
Ainda sobre o aborto, o Ministério da Saúde suspendeu, em fevereiro, uma nota técnica feita pela pasta com recomendações a respeito da realização do procedimento. A publicação refutava conceitos adotados em um documento anterior do ministério, elaborado sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que defendia um limite de tempo da gestação para realização do aborto.
CRÍTICAS A LULA E JANJA
A ex-primeira-dama também aproveitou para criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alfinetar a atual primeira-dama, Janja. Sem citar o nome da esposa de Lula, Michelle disse que “algumas nascem com a vocação de viajar”.
– Claro que algumas nascem com a vocação de viajar. Mas eu nasci com a vocação de trabalhar pelo povo (…). O que dói o meu coração hoje é que tem muita coisa para dar continuidade, e está tudo parado. Porque as prioridades deste atual governo são outras. É gastar o dinheiro do contribuinte com irresponsabilidade – disse.
Michelle também criticou Lula por fazer “chacota com uma candidata na Venezuela”. A referência feita por ela foi a fala recente de Lula sobre María Corina Machado, opositora de Nicolás Maduro. Ao comentar as eleições no país, o presidente brasileiro colocou em dúvida o comportamento dos opositores e sugeriu que candidatos impedidos de concorrer não deveriam “ficar chorando”.
No evento, Michelle contou ter tido “depressão” em 2019, no primeiro ano de governo do marido, Jair Bolsonaro, por não ter conseguido ajudar todas as pessoas que a procuravam pedindo auxílio.
– Eu tive depressão no primeiro ano, porque eu queria, eu achei que fosse chegar e resolver a situação de todo mundo. Mas a gente sabe como é burocrático, como a máquina é lenta. A gente chegando ali, de primeira viagem, e as mães chegavam pra mim: “Michelle (…), se o meu filho não tomar medicação em 30 dias, ele vai perder o movimento das pernas, ele vai parar de mexer a cabeça” – lembrou.
Nos eventos que realiza desde o ano passado pelo PL Mulher, a ex-primeira-dama busca incentivar mulheres conservadoras a se organizarem para disputar as eleições municipais de outubro deste ano.
– Nós sabemos que muitas acham que não têm aptidão para estar na política partidária, mas muitas aqui são lideranças sociais. E muitas aqui já fazem política – completou.
*Com informações AE