A Argentina iniciou ações diplomáticas contra a Venezuela depois que o governo do ditador Nicolás Maduro proibiu aeronaves argentinas de sobrevoar o espaço aéreo venezuelano, informaram nesta terça-feira (12) fontes oficiais. Segundo afirmou o porta-voz da Presidência argentina, Manuel Adorni, “a Argentina não se deixará extorquir pelos amigos do terrorismo”.
– A Argentina iniciou ações diplomáticas contra o governo da Venezuela, chefiado pelo ditador Maduro, após sua decisão de impedir a utilização do espaço aéreo do país por qualquer aeronave argentina, com o prejuízo que isso acarreta para o nosso país – acrescentou o porta-voz.
A medida de Caracas, segundo Adorni, está relacionada com o caso do avião venezuelano Boeing 747 que estava retido na Argentina desde junho de 2022, até ser enviado no último mês de fevereiro para os Estados Unidos.
Embora o porta-voz do Executivo argentino não tenha entrado em detalhes, a Agência EFE soube por outras fontes que a Argentina apresentou uma nota de protesto à Venezuela, no dia 8 de março, “devido à decisão de suspender as autorizações de sobrevoo das companhias aéreas argentinas no espaço aéreo venezuelano”.
Nesse texto, a Argentina anunciou que tomaria medidas no âmbito da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) por “violação do Convênio sobre Aviação Civil Internacional”, conhecido como Convênio de Chicago (1944). Segundo essas fontes, a Venezuela respondeu nesta segunda (11) “ratificando a suspensão” e relacionando essa proibição com o caso da referida aeronave.
Na madrugada do dia 12 de fevereiro deste ano, o cargueiro Boeing 747-300M Dreamliner, que era da empresa iraniana Mahan Air e atualmente pertencia à Emtrasur, subsidiária da companhia aérea venezuelana Conviasa, empresas sancionadas pelo Departamento do Tesouro americano, partiu rumo os Estados Unidos, em resposta a um pedido de confisco.
SOBRE A RETENÇÃO DO AVIÃO NA ARGENTINA
A tripulação, que tinha chegado à Argentina em 6 de junho de 2022, composta por cinco iranianos e 14 venezuelanos, foi inicialmente detida pela Justiça e posteriormente liberada por falta de provas do crime de financiamento de atividades terroristas.
O avião havia chegado à Argentina vindo do México, depois de fazer escala na Venezuela. Dois dias depois, a aeronave saiu da Argentina para reabastecer no Uruguai, mas retornou ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, na província de Buenos Aires, porque o país vizinho não autorizou seu pouso.
Em seguida, a Justiça argentina ordenou a retenção da aeronave e declarou que os 19 tripulantes não poderiam sair do país. À medida que a investigação avançou, os tripulantes foram libertados.
A justificativa para a reclamação dos Estados Unidos é de que a Mahan Air seria uma entidade iraniana sancionada pelo Departamento de Comércio norte-americano, e que a empresa teria transferido o avião – fabricado nos Estados Unidos – para um terceiro, algo proibido justamente por efeitos da sanção.
*EFE