A jornalista Huang Xueqin, que deu voz a mulheres vítimas de assédio sexual na China, foi condenada nesta sexta-feira (14) pelo Tribunal Intermediário de Guangzhou a cinco anos de prisão pelo crime de “incitação à subversão do poder estatal”.
Por sua vez, o ativista Wang Jianbing foi condenado a três anos e seis meses pela mesma acusação, geralmente usada contra defensores de direitos humanos da China, segundo afirmaram os seus apoiadores na rede social X.
Huang, nascida em 1988, foi fundamental no lançamento do #MeToo na China em janeiro de 2018, recolhendo testemunhos de vítimas de agressão sexual. A repórter independente também cobriu questões relacionadas à corrupção e à poluição industrial.
A ONG Defensores Chineses dos Direitos Humanos (CHRD) denunciou no ano passado que o tratamento de Huang e Wang nas mãos da polícia estava “repleto de violações da lei e da justiça processual chinesa”.
– É o governo chinês que deveria ser processado por prender ilegalmente os seus próprios cidadãos simplesmente pelo exercício pacífico dos seus direitos humanos – disse na ocasião a diretora da CHRD, Renee Xia.
Segundo esta entidade, Wang Jianbing, nascido em 1980, foi mantido incomunicável durante os primeiros meses da sua detenção, tendo as autoridades se recusado a revelar qualquer informação sobre seu paradeiro à sua família. Já Huang não foi autorizada a consultar um advogado da sua escolha e foi sujeita a interrogatórios prolongados e repetidos, segundo a mesma fonte.
A ONG afirmou ainda que Huang foi processada pelo seu trabalho como jornalista independente e por descobrir violações dos direitos humanos na China.
Além disso, ressaltou que Wang – ativista reconhecido pelo seu apoio às pessoas com deficiência e aos trabalhadores que desenvolveram doenças devido às más condições de trabalho – participava frequentemente em reuniões informais com amigos, nas quais Huang também esteve presente, mas que estas não tinham estrutura explícita ou intenção política.
*EFE