A líder da direita francesa, Marine Le Pen, denunciou nesta quarta-feira (10) que seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), foi vítima de “manobras” que o privaram de obter a maioria absoluta que esperava nas eleições legislativas, em alusão ao intitulado “cordão sanitário”, que foi criado para impedir a vitória do RN no último domingo (7).
– As manobras de retirada massiva [de candidatos de outras forças] privaram-nos da maioria absoluta. Foi apenas um adiamento, porque a representação nacional não pode ser deformada indefinidamente – afirmou Le Pen à imprensa em sua chegada à Assembleia Nacional para recolher as credenciais juntamente com os demais deputados eleitos por seu partido.
A líder de direita referiu-se assim ao efeito causado depois que mais de 220 candidatos da esquerda e do bloco centrista do presidente francês, Emmanuel Macron, se retiraram no segundo turno para evitar a dispersão da votação e impedir a eleição de deputados do RN.
Essa estratégia deixou o RN com 143 cadeiras do total de 577 na Assembleia Nacional, ficando atrás da esquerda, que somou 190 assentos com sua coligação Nova Frente Popular (NFP), e também dos macronistas, que terminaram as eleições com 168 deputados.
Esse cenário se desenhou apesar do fato de o partido de direita e seus parceiros terem reunido mais de 10 milhões de eleitores, em comparação com os 7,4 milhões da esquerda e cerca de 6,7 milhões do macronismo. Nesse sentido, Le Pen opinou que “a Assembleia Nacional deve ser o reflexo da representação de todo o povo francês”.
– Isso não acontece agora. Acontecerá no futuro. Agora o que temos é um atoleiro – criticou.
A líder da direita culpou Macron por esta situação, que segundo sua leitura foi quem permitiu que a NFP fosse o primeiro grupo na Assembleia. Além disso, Le Pen censurou a coligação de esquerda por “atitudes quase facciosas”, porque “fazem apelos para invadir Matignon”; a residência oficial do primeiro-ministro.
A fala de Le Pen faz referência a uma mensagem do ex-deputado do partido de esquerda A França Insubmissa (LFI), Adrien Quatennens, que nesta terça (9) sugeriu a organização de “uma grande marcha popular em direção a Matignon”, por considerar que “Macron quer roubar a nossa vitória e está manobrando para impedir a aplicação do programa da NFP”.
O chefe de Estado francês, que viajou a Washington, nos Estados Unidos, para participar na cúpula da Otan que acontece até quinta (11), anunciou no último domingo (7) à noite que levaria algum tempo antes de nomear um novo primeiro-ministro e ver como se estrutura a nova Assembleia Nacional.
*EFE