A recente aproximação do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) com atores da oposição no Ceará, incluindo representantes do bolsonarismo, tem repercutido nos bastidores entre lideranças de partidos da base do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).
O deputado estadual De Assis Diniz, líder do bloco governista na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), fez duras críticas à ala cirista do PDT, afirmando que o ex-governador do RJ e do RS, Leonel Brizola (1922-2004), nome histórico das fileiras trabalhistas, deve estar indignado com a postura do grupo cirista. As informações são do O POVO.
“Primeiro, é imaginar o quanto Brizola não deve estar chutando o caixão pela sua indignação de ver todo seu esforço, de construir um partido como o PDT, ser entregue a oportunistas de plantão. A aliança com a extrema direita é injustificável”, disparou o petista.
De Assis questionou a postura ao atribuir uma linha de raciocínio ao ex-governador cearense Gonzaga Mota: “Já dizia Gonzaga: ‘A política é dinâmica, mas a ética é permanente’. E, aliás, são contradições. O bolsonarismo expresso ali, na candidatura de Juazeiro do Norte, Ciro fazer apologia a uma farsa é um escárnio e uma desmoralização para um partido com uma história tão bonita como o PDT”, concluiu.
O movimento de Ciro no Crato, ao apoiar o nome de Dr. Aloísio (União Brasil), candidato do partido presidido no Ceará pelo ex-deputado federal Capitão Wagner, por exemplo, foi contra o posicionamento anterior do próprio PDT, que costurou acordo para apoiar a pré-candidatura petista naquele município. Ciro justificou sua presença nas convenções de Juazeiro e do Crato como um ato contra uma “pretensa ditadura” a quem atribuiu à lideranças do PT no Ceará, sobretudo ao ministro Camilo Santana (Educação).
Em Juazeiro, Ciro esteve acompanhado do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) e do presidente nacional interino do PDT, deputado federal André Figueiredo. Figueiredo não acompanhou Ciro no Crato, onde o PDT ainda apoia o nome do PT local.
De Assis também questionou o argumento de adversários que alegam que o PT quer para si posições de poder em cidades importantes. “É muita hipocrisia, todos os partidos que estiveram no governo se tornaram a principal base de sustentação. Por que o PT não tem esse direito, que teve Tasso (Jereissati), Ciro, Lúcio (Alcântara), Cid (Gomes), por que o PT não pode? Estamos com humildade, trabalhando, para constituir o principal partido de sustentação na base do governador (Elmano). Vamos continuar a trabalhar com simplicidade”.
No Crato, Ciro dividiu palco com o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União Brasil), com quem tem rusgas antigas, com direito a episódios de trocas de xingamentos e acusações. Eles se cumprimentaram no local. Estiveram presentes também outros nomes da oposição ao PT no Ceará, dentre eles o deputado estadual Carmelo Neto (PL) e o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), que foi oficializado como candidato à reeleição no mesmo dia (20), com a presença de Ciro, RC e outras lideranças.
Ciro justificou o apoio a determinados candidatos de partidos de oposição ao PT alegando ainda interferências no processo de escolha de nomes que vão disputar a eleição de outubro.
“O Ceará está sendo destruído pela incompetência, pela corrupção, pelo mandonismo, há uma ditadura tentando ser construída, tirando inclusive do povo o direito de escolher suas alternativas (…) e sei que o Cariri vai se levantar contra isso”, disse em discurso num dos eventos.
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