Com o objetivo de criar um ambiente de diálogo para restabelecer a competitividade do ambiente de negócios no estado de Pernambuco, a Sudene reuniu-se com representantes da fabricante de vidros Vivix, do grupo Cornélio Brennand, e da Empresa Brasileira de Hemoderivados (Hemobrás), nesta quinta-feira (22). O encontro também faz parte das estratégias da autarquia para discutir a agenda de adensamento de cadeias produtivas que promovam o desenvolvimento regional, associadas à nova política industrial brasileira.
No mais recente ranking de competitividade dos estados brasileiros elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), Pernambuco registrou a maior variação negativa de todo o levantamento, caindo da 16ª para a 19ª posição. De acordo com a pesquisa, a queda é motivada principalmente pelas pioras nos indicadores de potencial de mercado (25º), sendo 6 posições abaixo em relação ao ranking anterior), capital humano (25º) e segurança pública (24º). Na região Nordeste, o estado está na 5ª posição, atrás da Paraíba, Ceará, Alagoas e Sergipe, nesta ordem.
Para o superintendente Danilo Cabral, é necessário um trabalho integrado junto ao setor produtivo estadual para mapear gargalos e retomar o crescimento. O gestor destacou que a Sudene é articuladora do processo de territorialização da nova política industrial brasileira, identificando possibilidades do cenário econômico pernambucano que dialoguem com as propostas da Nova Indústria Brasil (NIB) e outras políticas setoriais.
Uma das oportunidades apresentadas pela superintendência no encontro com as empresas que são vizinhas na área industrial de Goiana (PE) foi uma eventual colaboração voltada ao desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde. A ideia é diminuir a dependência do Brasil na importação de insumos, a exemplo dos frascos de vidro utilizados pela empresa de hemoderivados, atualmente originários da Alemanha. “Estamos falando aqui de uma oportunidade de não só promover a indústria nacional, mas de fortalecer a cadeia produtiva do Sistema Único de Saúde, o SUS. E com potencial de fornecimento não apenas para a própria Hemobrás, mas também a outras unidades de saúde, como a Fiocruz, por exemplo”, explicou o superintendente Danilo Cabral. A avaliação do gestor foi ecoada pelo diretor de Administração e Finanças da Hemobrás, André Pinho.
Apesar de atuarem em mercados bem distintos, Vivix e Hemobrás têm em comum o fato de contarem com instrumentos da Sudene para fortalecimento do setor produtivo. A primeira conta com financiamento do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), além de incentivos fiscais e da participação no programa PE 4.0, de revitalização da indústria pernambucana. A estatal vinculada ao Ministério da Saúde, por sua vez, também conta com a redução da carga tributária do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPF) para a realização de novos investimentos, além de ser signatária de um acordo de cooperação técnica com a Autarquia federal.
“A criação desse ambiente de discussão, aproximação e de contribuição pela Sudene é fundamental”, avaliou o chairman do Grupo Cornelio Brennand, Flavio Goes. O empresário ratificou a importância destes instrumentos para a instalação e manutenção de indústrias no Nordeste. “88% da produção de vidro no Brasil está concentrada nas regiões Sudeste e Sul. Qualquer empresa tenderia a se instalar nestas regiões, que são o centro consumidor. A variável que muda a equação é o incentivo fiscal. Não é uma benesse. É um fator de desenvolvimento regional”, defendeu. As empresas sinalizaram positivamente para uma aproximação na tentativa de encontrar situações oportunas de colaboração.
Empregando 421 profissionais e gerando outros 1.500 empregos indiretos, a Vivix, segundo a empresa, a única representante genuinamente nacional na fabricação de vidros planos, com capacidade instalada de 900 toneladas por dia. Para o presidente da empresa, Henrique Lisboa, contar com o apoio da Sudene fortalece o valor agregado das atividades da empresa. “A Sudene é parceira da Vivix em todo o processo de desenvolvimento e ampliação de portifólio. Temos incentivos e a nossa participação no programa de indústria 4.0. A nossa indústria é intensiva de tecnologia. Temos uma área específica de transformação digital na empresa que tem se nutrido dessa troca de experiências”, relatou.
Como integrante do grupo de trabalho de territorialização da nova política industrial brasileira, a Sudene atua para mapear as principais aglomerações industriais da região, os sistemas produtivos existentes e as capacidades locais. O superintendente da autarquia frisou que esta ação é uma maneira de revigorar o cenário econômico dos estados da área da autarquia. “O Ranking de Competitividade é um indicador importante para avaliarmos de que maneira os instrumentos da Sudene e a nossa capacidade de desenvolver políticas públicas podem ser ferramentas para melhorar índices críticos como os da avaliação de Pernambuco”, comentou Danilo Cabral.
A agenda também foi acompanhada pelos diretores Álvaro Ribeiro (Planejamento) e José Lindoso (Administração), além dos coordenadores Pabllo Brandão (Gestão Institucional), Wandemberg Rodrigues (Fundos de Desenvolvimento e Financiamento) e José Farias (Desenvolvimento Territorial).
A edição 2024 do Ranking de Competitividade dos Estados reuniu 99 indicadores em dez áreas temáticas: segurança pública; infraestrutura; sustentabilidade social; solidez fiscal; educação; sustentabilidade ambiental; eficiência da máquina pública; capital humano; potencial de mercado e inovação.
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