O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, revelou que as ordens dadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acerca das investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, tinham de ser cumpridas com o máximo rigor, sem margem para qualquer negativa.
Tagliaferro se tornou alvo de Alexandre de Moraes após vazamento de mensagens de WhatsApp entre auxiliares do ministro, que originou uma série de denúncias pelo jornal Folha de S.Paulo, expondo práticas marginais na atividade judicante. Moraes teria utilizado maneiras ilegais para a obtenção de provas que incriminassem Jair Bolsonaro e seus aliados.
O veículo de imprensa teve acesso a 6 gigabytes de arquivos de diálogos por WhatsApp que vem revelando transgressões ao rito tradicional, atingindo o STF e TSE.
– Posso afirmar que não tenho relação alguma com as informações retiradas de meu aparelho que ficou ilegalmente apreendido por seis dias. Caberá à investigação apurar e reconhecer a minha inocência. Espero que os responsáveis por mexer em meu celular sejam responsabilizados – declarou Tagliaferro.
O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE falou sobre a dinâmica acerca do alto volume de trabalho.
– Cumprir as suas ordens com celeridade e conteúdo robusto. Não existia alternativa de dizer não ou deixar de fazer o que era mandado. Várias vezes trabalhávamos de fim de semana, precisávamos voltar em emergência para trabalho presencial em Brasília.
O juiz também relatou a predominância de investigações sobre a direita.
– Posso afirmar que a direita foi mais investigada, sim. Poucas e raras as pessoas de esquerda para quem recebi demandas de investigações. Isso é estatístico. Basta olhar meus relatórios e a quantidade de perfis e contas que bloqueamos no curso das eleições.
Tagliaferro admitiu ter medo de ser preso após o vazamento das conversas que comprometem o ministro.
– Tenho alguns receios, sim. Considerando a explicação do meu advogado, Dr. Eduardo Kuntz, esse inquérito nem deveria existir da forma como foi feito. Ele me explicou que o Regimento Interno do STF prevê que inquéritos devem ser iniciados apenas pelo ministro-presidente, que deveria ter passado pelo cartório distribuidor e ser sorteado.
– Na visão dele, ao ministro Alexandre fazer ele mesmo a abertura e me colocar em uma situação de desconfiança, pode ter como consequência até mesmo uma determinação de prisão. Seria muito constrangedor porque não fiz nada de errado. Espero sinceramente que isso não aconteça – disse em entrevista ao Estadão.
Fonte: Pleno News.