A ONU afirmou, nesta terça-feira (8), que um milhão de pessoas precisam de ajuda para cobrir suas necessidades vitais no Líbano, onde a destruição de terras agrícolas ou seu abandono por famílias deslocadas pelos bombardeios de Israel antecipa uma perda considerável da produção alimentar. Desde o início dos ataques – uma consequência do confronto entre Israel e Hezbollah — o Programa Alimentar Mundial da ONU forneceu 150 mil refeições quentes ou rações para entre cinco e quinze dias, dependendo da capacidade das pessoas para cozinhar, disse por teleconferência a partir de Beirute o diretor da organização no Líbano, Matthew Hollingworth.
“Mas isto deve aumentar. Temos que chegar, neste momento, a quase um milhão de pessoas por dia”, indicou. A organização propôs atingir esse número de pessoas nos próximos três meses, embora tenha notado que seu orçamento para cumprir sua meta tem atualmente um déficit de US$ 115 milhões. Hollingworth destacou que existe uma profunda preocupação com a produção agrícola do país, depois da queima de 1,9 mil hectares na região sul (fronteira com Israel) e do abandono de outros 12 mil localizados em uma das zonas mais produtivas devido ao fato das famílias que trabalhavam na terra terem sido deslocadas.
A situação é ainda mais preocupante na medida em que o Líbano é um país fortemente dependente da importação de alimentos. O representante do Programa Alimentar Mundial declarou estar chocado com o nível e a velocidade da destruição sofrida no Líbano, onde 1,2 milhão de pessoas são afetadas e numerosas regiões e cidades foram completamente esvaziadas de seus habitantes e deixadas em ruínas. Um total de 973 locais de abrigos (escolas e outros centros educativos ou edifícios públicos) foram criados em Beirute e no norte do país, mas, com mais de 200 mil pessoas registradas neles, a maioria já está lotada.
Sobre o receio de que os ataques israelenses cheguem ao aeroporto de Beirute e o deixem fora de serviço, Hollingworth destacou que esta infraestrutura é muito importante para o fornecimento de ajuda humanitária, para a chegada de pessoal humanitário e médico, bem como uma rota de saída para os libaneses. que desejam sair do país. As consequências seriam imprevisíveis em um país que não produz o suficiente para ser autossuficiente e que também não tem reservas para que instalações vitais, como hospitais, possam continuar funcionando, acrescentou. Neste sentido, apelou à preservação dos corredores aéreos e terrestres, pois são vias de entrada de abastecimentos essenciais como combustíveis, alimentos e produtos sanitários.
Fonte: Jovem Pan.