A Justiça de Nova York bloqueou a fusão das empresas de moda proprietárias das marcas Coach, Kate Spade, Michael Kors e Versace, determinando que a união “reduziria substancialmente a concorrência” entre os fabricantes de bolsas de luxo.
Com a decisão, as ações da Capri, proprietária da Versace e da Michael Kors, caíram quase 46% nas negociações de pré-mercado nesta sexta-feira.
Os papéis da Tapestry, empresa-mãe da Coach e Kate Spade, subiram quase 13%.
A Tapestry concordou em comprar a Capri por R$ 41,6 bilhões no ano passado para criar uma gigante de luxo nos EUA, que pudesse competir melhor com grandes rivais europeias ao reunir as marcas Coach, Kate Spade, Versace, Jimmy Choo e Michael Kors sob o mesmo teto.
Mas a Comissão Federal de Comércio (FTC, em inglês) entrou com uma ação para bloquear o acordo de fusão de US$ 8,5 bilhões. O caso é raro no mundo da moda, dado o quão competitivo é o setor e as barreiras relativamente baixas para entrar nele.
‘O antitruste está na moda’, diz juíza
A juíza Jennifer L. Rochon, do Distrito Sul de Nova York e responsável pelo caso, aceitou o argumento da comissão de que dezenas de milhões de americanos poderiam acabar pagando mais por bolsas e outros itens de moda, pois a empresa combinada não teria mais incentivo para competir em preço.
“O antitruste está na moda”, escreveu a magistrada em sua decisão.
Quando a Tapestry anunciou sua intenção de adquirir a Capri Holdings, em agosto de 2023, isso foi visto como um sinal de consolidação contínua no mercado de moda de luxo.
A Tapestry afirmou que planeja apelar da decisão, que descreveu em um comunicado como “decepcionante e, acreditamos, incorreta em termos de lei e dos fatos”. A empresa reiterou seu argumento de que o setor de varejo é “intensamente competitivo e dinâmico, em constante expansão e altamente fragmentado”.
Valorização ao longo dos anos: Bolsa de grife vira investimento e aquece mercado de segunda mão de luxo no país
A juíza concedeu uma liminar preliminar que impede a aquisição de avançar enquanto a FTC investiga o acordo em seu tribunal administrativo.
A decisão é uma vitória para Lina Khan, chefe da FTC, que tem enfrentado críticas por sua abordagem agressiva ao antitruste e se tornou um ponto de discórdia na eleição presidencial.
A ação judicial serviu de munição para seus detratores, que argumentaram que o tempo da FTC seria melhor empregado protegendo outros setores além de bolsas de mão.
Diamantes e brilhantes em peças que podem superar R$ 1 milhão: alta joalheria cresce e atrai marcas de luxo para o Brasil
A FTC celebrou a decisão. “A decisão de hoje é uma vitória não apenas para a FTC, mas também para os consumidores de todo o país que buscam acesso a bolsas de qualidade a preços acessíveis”, disse Henry Liu, diretor do Departamento de Concorrência da agência, em um comunicado.
“A decisão garantirá que a Tapestry e a Capri continuem a competir diretamente em benefício do público americano”, acrescentou.
Fonte: Folha de Pernambuco.