O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, afirmou que será necessário algum tipo de “choque fiscal” de longo prazo para mover as expectativas de inflação substancialmente. Na avaliação dele, a desaceleração esperada para os gastos públicos no segundo semestre não deve se refletir nessas projeções.
“Você precisa de algo mais duradouro para impactar essas expectativas de inflação”, ele afirmou, em um evento do Bank of America (BofA), em Washington, Estados Unidos.
“Um país que assegura os investidores sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal e sobre a possibilidade e convergência da dívida pública, isso vai impactar mais diretamente as expectativas.”
Gomes mencionou a incerteza sobre a política fiscal futura como um dos pontos que explicam a desancoragem das expectativas de inflação. Citou, também, outros pontos. Entre eles, a incerteza em torno da inflação corrente, em meio a choques de oferta nos preços de energia e alimentos, além da mudança no ciclo de do gado, que tem pressionado os preços de proteínas.
“A depreciação da taxa de câmbio também coloca uma pressão em comercializáveis, então talvez essa seja a razão pela qual os preços industriais não estejam mais ajudando tanto quanto no passado”, ele comentou. Sem essas incertezas, disse Gomes, pode haver alguma atualização nas projeções do mercado.
Desaceleração chinesa pode afetar Brasil via preços de commodities
Renato Gomes disse que a desaceleração da economia chinesa pode ter impactos na economia brasileira via preços de commodities, com eventuais efeitos na inflação. Ele citou, entre eles, a taxa de câmbio, os preços de insumos e a renda, já que o País é exportador de commodities, mas que é preciso observar o efeito em cada matéria-prima.
As declarações foram dadas em um evento do Bank of America (BofA), em Washington, Estados Unidos.
Fonte: Folha de Pernambuco.