Nos bastidores da política, conquistar corações e mentes vai além da competência técnica ou de uma gestão bem avaliada. A comunicação política, sem carisma e originalidade, vira apenas uma lista fria de realizações. Esse fenômeno, o “tecnocratismo exagerado”, é um dos grandes desafios das lideranças atuais, com impactos negativos no âmbito eleitoral.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, é um exemplo desse dilema. Apesar de pesquisas apontarem uma gestão bem avaliada, ela enfrenta dificuldades para transformar esse desempenho em capital político. Enquanto isso, o prefeito do Recife, João Campos, conecta-se emocionalmente com os eleitores, indo além dos relatórios de gestão. Sua comunicação eficaz levou sua equipe a ser convidada pelo governo Lula para gerir as redes sociais federais e ajudar na gestão de crises recentes, como a polêmica envolvendo o monitoramento do Pix.
O PSDB, partido de Raquel Lyra, elegeu o maior número de prefeitos em Pernambuco nas últimas eleições, consolidando uma base importante. Mas a falta de uma comunicação humanizada pode comprometer sua popularidade. Em contraste, João Campos alia gestão a um storytelling envolvente, destacando juventude, dinamismo e proximidade com a periferia, sendo um fomentador da cultura desta.
Estratégias de comunicação falham sem humanização. Dados isolados não geram engajamento. Raquel Lyra aparenta adotar uma comunicação “engessada”, enquanto João Campos utiliza narrativas que ligam suas ações a transformação social.
Sem uma comunicação mais calorosa e próxima da população, mesmo com uma base sólida de prefeitos aliados, Raquel Lyra pode continuar vendo o carisma de João Campos liderar as intenções de voto rumo a 2026.
*Lucas Honorato é acadêmico de Direito, especialista em Comunicação e Marketing Político, e coordenador de campanhas eleitorais. Ex-líder do Movimento Condado Livre, dedica-se ao engajamento cívico e ao fortalecimento do debate público.
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