A defesa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que seja instaurada uma investigação “a fim de identificar e punir” o autor do vazamento da delação premiada do militar à imprensa.
– Tal vazamento ocorreu de forma criminosa, colocando em risco não só o colaborador e sua família, mas também a tranquilidade do andamento processual numa causa tão sensível e de interesse de todo o país – disseram os advogados em petição feita a Alexandre de Moraes.
Advogados de Cid deixaram claro que não há que se penalizar a imprensa e destacaram o direito de informação, mas observaram que o episódio “não pode ser confundido com quebra de sigilo”.
DIRETOR-GERAL DA PF NÃO ACHOU PROVAS CONTRA MICHELLE E EDUARDO
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, disse que a corporação não encontrou provas suficientes para indiciar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira (27), ele afirmou que, embora o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid tenha mencionado os dois em delação premiada, não foram obtidos elementos adicionais que comprovassem envolvimento direto deles.
– A investigação apontou elementos relacionados a outras pessoas, mas, no caso concreto, não encontramos provas que confirmassem participação dessas duas pessoas – acrescentou.
Entre novembro e dezembro de 2024, 40 pessoas foram indiciadas nesse inquérito, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno.
A delação premiada de Mauro Cid, homologada em setembro de 2023, descreveu três grupos distintos ao redor de Bolsonaro após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o ex-ajudante de ordens, enquanto o grupo de “conservadores” buscava transformar o então presidente em líder da oposição, o núcleo dos “moderados” rejeitava ações radicais. Já o grupo de “radicais” era dividido entre os que questionavam a integridade das urnas e os que defendiam ações armadas.
Segundo essa delação, Mauro Cid teria alegado que Eduardo e Michelle estariam no núcleo mais radical e incentivavam Bolsonaro “constantemente” a dar um golpe de Estado. Em resposta, o deputado federal criticou o processo conduzido pelo STF, afirmando que não há garantias de ampla defesa. A equipe de advogados do ex-presidente seguiu a mesma linha, e reclamou não ter tido acesso à íntegra da delação. Já Michelle ironizou as acusações (leia mais na sequência).
Andrei ainda defendeu que há “consistência” do relatório da corporação e disse que o ex-presidente, como “qualquer investigado”, pode estar sujeito a medidas cautelares “que a PF cumprirá”.
Entre outros temas citados na entrevista, Andrei defendeu a regulação das redes sociais, reforçando o posicionamento do governo Lula. Segundo ele, é preciso garantir que “o que é crime no mundo real” tenha o mesmo tratamento no mundo virtual.
MICHELLE SE DEFENDE
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro classificou as citações a ela na delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, como “cortina de fumaça”. Em nota, o PL Mulher afirmou que “nunca conseguiram comprovar absolutamente nada” contra ela:
– Essa “revelação” já havia sido feita em 2023, mas nunca conseguiram comprovar absolutamente nada contra a presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, por uma razão simples: não há nada a ser comprovado. Trata-se de mais uma cortina de fumaça” – diz o texto.
De acordo com a nota, o teor da delação foi vazado por motivos como “o estado crítico do atual governo com a assustadora queda em sua popularidade”, “a necessidade de abafar a repercussão positiva” obtida por Michelle e Eduardo Bolsonaro na posse do presidente dos EUA, Donald Trump, e “as recentes declarações” do ex-presidente a respeito de eventuais sucessores em caso de impossibilidade de reversão de sua inelegibilidade”.
*Com informações AE
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