A Rússia denunciou, no quinta-feira, 6 de março, o discurso de Emmanuel Macron do dia anterior, dizendo que viu uma “ameaça” em sua proposta de proteger a Europa sob o guarda-chuva nuclear francês e acusando-o de querer “que a guerra continue”.
Questionado sobre as declarações do presidente francês, Vladimir Putin fez uma crítica à França, lamentando que “ainda haja pessoas que querem voltar à época de Napoleão, esquecendo como tudo terminou”.
O imperador Napoleão Bonaparte invadiu o Império Russo em 1812, tomando Moscou, mas sua campanha terminou em retirada e vitória russa.
“Imperialista revisionista”
Durante um encontro em Bruxelas com os líderes da União Europeia, Macron descreveu Putin como um “imperialista revisionista”, destacando suas preocupações com as intenções do líder russo.
Ele fez referência aos acordos de Minsk, sugerindo que Putin é capaz de descumprir compromissos assinados.
Macron argumentou que o verdadeiro contrassenso histórico reside no fato de que Napoleão buscava conquistas territoriais, enquanto a Rússia permanece como a única potência imperial no contexto atual.
Lavrov reage
Em resposta à retórica de Macron, Lavrov reiterou que suas afirmações são uma ameaça direta à Rússia.
Ele classificou as declarações do presidente francês como “absurdas” e “delirantes”, enfatizando que Moscou não tem intenções agressivas em relação à Europa.
Durante uma coletiva de imprensa, Lavrov declarou: “Se ele nos vê como uma ameaça e sugere a utilização da arma nuclear contra nós, isso é uma ameaça real”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, também criticou Macron por supostamente fomentar um clima de guerra na Ucrânia, em um momento onde há indícios de avanços rumo a negociações de paz entre Rússia e Estados Unidos.
Peskov avaliou que as falas do presidente francês não refletem um líder comprometido com a paz e acusou a França de focar mais em estratégias bélicas do que na resolução pacífica dos conflitos.
Ele destacou a retórica nuclear utilizada por Macron como problemática e ressaltou a necessidade de se reconhecer os riscos trazidos pela expansão da Otan, considerada por Moscou uma ameaça existencial.
“Contador de histórias”
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, também se manifestou sobre as declarações de Macron, chamando-o de “contador de histórias” e insinuando que suas afirmações diárias estão desconectadas da realidade.
Zakharova sugeriu que o presidente francês deve prestar contas ao seu povo por enganá-lo com informações distorcidas.
Em sua comparação com Ole Lukoje, um personagem de contos dinamarqueses que faz mágica para crianças adormecerem, ela criticou as promessas feitas por Macron.
Fonte: O Antagonista.