Nas últimas semanas, a conjuntura geopolítica evocou reminiscências da Guerra Fria e o espectro de um conflito global. A aproximação entre Trump e Putin ganhou contornos críticos: os EUA suspenderam o compartilhamento de inteligência militar com a Ucrânia. Não é um ajuste logístico, mas sabotagem estratégica. Sem dados em tempo real sobre tropas russas ou sistemas de mísseis, a Ucrânia perde capacidade de antecipar ataques, tornando-se vulnerável a uma ofensiva fulminante antes do inverno.
Enquanto os EUA recuam, a União Europeia acelera sua metamorfose. Macron não apenas propôs estender o guarda-chuva nuclear francês a todo o bloco, como também, em reunião com os líderes da UE, prometeram um esforço geral de financiamento de 800 bilhões de euros para impulsionar as capacidades de defesa da Europa. A mensagem é clara: a Europa enterra décadas de dependência estratégica dos EUA. Putin, porém, respondeu com ironia histórica: ao evocar a derrocada de Napoleão em 1812, reforçou um manual de guerra russo: invasores fracassam no inverno. A lição? Subestimar Moscou tem um preço, e a Europa, como Napoleão, pode pagá-lo caro.
No epicentro, os EUA, sob “America First”, sinalizam o desmonte da OTAN. Trump, ao priorizar acordos bilaterais, rasga garantias de segurança e transforma a Ucrânia em peça sacrificial no xadrez global. A Europa enfrenta a encruzilhada: ceder à Rússia ou abraçar a autossuficiência militar, com armas nucleares como último argumento.
Se o século XX teve guerras mundiais, o XXI se define por guerras híbridas: dissuasão nuclear, inteligência cortada e alianças voláteis. A pergunta não é se o mundo está preparado, mas quem sobreviverá à preparação. Enquanto Trump e Putin reescrevem as regras, e Macron desafia fantasmas do passado, uma certeza emerge: o preço da nova ordem será pago com risco iminente.
*Lucas Honorato é acadêmico de Direito, especialista em Comunicação e Marketing Político, e coordenador de campanhas eleitorais. Ex-líder do Movimento Condado Livre, dedica-se ao engajamento cívico e ao fortalecimento do debate público.
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