A disputa pelo Governo do Estado em 2026 já começou e, mesmo ainda negando abertamente, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), tem dado a cada dia mais indicativos de que sua candidatura vai se concretizar. Participação dele em congressos do PSB, declarações de lideranças da legenda dando conta que João está preparado para a disputa e apelo de parte da sociedade, são alguns elementos que indicam a postulação como um caminho sem volta.
As críticas à gestão da governadora Raquel Lyra (PSD), durante o Congresso estadual do PSB, no último sábado (5), foram apenas a cereja no bolo de uma série de ações que o gestor municipal tem feito para se fortalecer, mesmo que silenciosamente, para o pleito.
Todos os espaços políticos possíveis vêm sendo utilizados por Campos para fortalecer suas bases. Mesmo com algumas perdas, após a saída do Avante e o possível desembarque do MDB. As eleições internas do partido podem dar a liderança ao bloco de Jarbas Filho e Fernando Dueire, que apoia Lyra. João, no entanto, não segue demonstrando firmesa e confiança.
De acordo com o cientista político Arthur Leandro, o atual prefeito vem se articulando, fazendo uma “organização interna com visibilidade pública”. “Tudo isso ancorado na herança política de Arraes e Eduardo Campos, com a intenção de se posicionar como uma alternativa real à atual gestão estadual. É um jogo bem calculado entre fortalecer o partido e se afirmar como liderança nacional”, comentou.
O fortalecimento nacional virá, certamente, com sua condução à presidência nacional do PSB, cargo que foi ocupado por seu pai, Eduardo Campos, quando era governador do estado. “Sua possível eleição para a presidência do PSB não é só uma vitória interna, mas também parte de um projeto maior: reconstruir a Frente como um polo estratégico para 2026”, diz ainda, o especialista.
Vitória sem concorrência?
As últimas pesquisas, em fevereiro e março, da Quaest e do Paraná Pesquisa, respectivamente, apontaram uma discrepância visível na preferência pelo prefeito, em detrimento da atual governadora. O levantamento mais recente, de 14 de março, mostra Campos com uma larga vantagem de 60% à frente de Lyra, em um cenário de disputa pelo governo do estado.
“Raquel tenta se mostrar como um quadro comprometido com a qualidade da gestão e, embora tenha elevada taxa de reprovação na opinião pública, se fortalece agora com a entrada no PSD, e com sua capilaridade no estado. João, por outro lado, aposta na política de articulação, com narrativa de continuidade de um projeto histórico, e mais enraizado no campo progressista”, afirmou Arthur Leandro.
Outra pesquisa da Quaest, que buscou avaliar a aprovação de governadores, apontou que Raquel Lyra era bem-vista por 51% da população. Mesmo que o número não seja expressivo, o próximo levantamento pode indicar uma concorrência desleal entre os adversários, ou uma disputa acirrada. “Vai pesar quem conseguir montar alianças mais amplas e estáveis, e conquistar o centro do eleitorado; o jogo ainda está em aberto, mas a polarização entre esses dois projetos já está clara, com atual vantagem para o prefeito da capital”, disse, por fim.
*LeiaJá
Foto: Rachel Andrade/LeiaJá
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