Após mirar Jorge Jesus como plano A para o comando da seleção brasileira tão logo demitiu Dorival Júnior, a CBF tem um novo nome preferido para assumir o cargo. Ou não tão novo assim. Sonho antigo do presidente Ednaldo Rodrigues, o italiano Carlo Ancelotti voltou à pauta da entidade e virou prioridade para liderar a equipe no que resta de ciclo até a Copa do Mundo de 2026.
Sem alarde e distante dos holofotes, a confederação brasileira mantém conversas com pessoas do círculo pessoal de Ancelotti. Depois de um desfecho fracassado nas tratativas de 2023, os contatos foram retomados nas últimas semanas. A receptividade das primeiras conversas foi seguida de uma sinalização positiva para o sonhado acordo. A ordem dos dois lados, no entanto, é clara: silêncio até que o treinador do Real Madrid resolva seu futuro no clube espanhol.
Discretos, os envolvidos se movimentam em Madri, ajustam expectativas e passam reportes quase que diariamente ao Brasil. Ao menos um agente e dois intermediários brasileiros mantêm conversas com o filho de Carlo Ancelotti, Davide, e com representantes do treinador sobre a ideia de Ednaldo de, enfim, ter o profissional à frente da seleção brasileira.
Oficialmente, a CBF nega a presença de representantes na Europa para a negociação e afirma que “o assunto está sendo tratado exclusivamente pelo coordenador geral executivo das Seleções Masculinas, Rodrigo Caetano, e pelo presidente, Ednaldo Rodrigues” e que “nenhuma outra pessoa está autorizada a falar sobre o caso em nome da confederação”.
O presidente ainda reforçou que a comissão técnica fixa da CBF, nas figuras de Rodrigo Caetano, Juan e do analista Thomaz Koerich, segue acompanhando partidas in loco e produzindo relatórios que visam abastecer com informações o treinador a ser escolhido. A ideia de Ednaldo é que o futuro comandante da seleção seja anunciado nas próximas semanas e já faça a convocação da próxima Data Fifa até o dia 26 de maio.
Em meio à expectativa pelo fim de ciclo na Europa para um único de trabalho na América do Sul, a CBF, mesmo com a negativa pública, monitora com atenção à final da Copa do Rei neste sábado (26), entre Real e Barcelona – às 17h de Brasília, com transmissão ao vivo do Disney+. Os interlocutores envolvidos sabem que a perda do título para o maior rival pode significar a demissão de Ancelotti.
A ideia do agente e dos intermediários brasileiros envolvidos é acelerar ao máximo um possível acordo em caso de saída do treinador do Real nos próximos dias.
Assim como a CBF, Ancelotti se esquiva. “Não há nada a dizer. Ao fim da temporada falaremos disso”, disse o técnico do Madrid, quando questionado sobre o assunto na última semana.
Instabilidade do Real muda cenário na CBF
Agora prioridade de Ednaldo, Ancelotti “venceu” uma disputa com Jorge Jesus para voltar à pauta na CBF após quase dois anos. Enquanto imaginava uma estabilidade do técnico do Real Madrid em seu cargo no momento em que demitia Dorival Júnior, o presidente da CBF descartava uma nova “novela” para esperar o italiano.
Ednaldo não cogitava ter que esperar o final do Mundial de Clubes, em meados de julho deste ano, para ter uma resposta definitiva de “Carletto”. Uma nova negativa aumentaria os questionamentos ao presidente que busca o quarto técnico à frente da seleção no ciclo para a Copa do Mundo de 2026.
As incertezas que rondam o futuro de Ancelotti no Real Madrid abriram os olhos da CBF para a possibilidade de um acerto breve, talvez até imediato – a depender do desfecho do próximo final de semana. Ou, no mais tardar, ao final de LALIGA.
Pressionado após a eliminação na Champions League, em baixa diante do principal rival na Espanha e podendo perder todas as disputas do ano, Ancelotti sabe que pode nem chegar ao, antes obstáculo da seleção, Mundial de Clubes.
O desfecho sonhado por Ednaldo casaria com o planejamento de já ter um novo técnico antes mesmo da próxima Data Fifa, marcada para o início de junho.
Aval de líderes brasileiros
Além do sonho antigo de Ednaldo Rodrigues, Ancelotti ganhou um apoio de peso para dirigir o Brasil. Mesmo sem atuar pela seleção desde outubro de 2023, o craque e líder do futebol brasileiro Neymar é a favor da chegada do italiano.
Discreto como CBF e Ancelotti no caso, o jogador do Santos se movimenta nos bastidores, faz a ponte de personagens envolvidos por um desfecho positivo e acompanha de perto cada passo da negociação.
Mesmo sem verbalizar publicamente, Neymar não é entusiasta da possível chegada de Jorge Jesus. Nem as declarações recentes do técnico português dizendo não ter problemas com o craque reverteram a crise que fez o jogador optar por deixar o Al Hilal no início do ano.
A preferência de Neymar deu ainda mais peso ao desejo prioritário de Ednaldo Rodrigues nas conversas retomadas com Ancelotti nos últimos dias.
Líderes do grupo da seleção brasileira que já trabalham com Ancelotti no Real Madrid, como Vinicius Jr. e Rodrygo, também não escondem a expectativa nos bastidores com o possível acerto.
Jesus no radar
Mesmo perdendo o status de prioridade, Jorge Jesus não foi esquecido pela CBF. Como a situação de Ancelotti depende diretamente dos resultados do Real Madrid em campo, o técnico do Al Hilal segue sendo monitorado.
À distância, Ednaldo Rodrigues sabe que o português toparia rapidamente um acordo tão logo encerrasse seus compromissos no campeonato local da Arábia Saudita e na Champions asiática – em meados de maio.
Fonte: ESPN Brasil./Foto: David Ramos | Getty Images / Esporte News Mundo.