Pernambuco pode estar vendo crescer mais um nome importante no automobilismo. Falando com exclusividade à Folha de Pernambuco, o piloto Daniel Neumann, de apenas 18 anos, e ainda sem carteira de motorista, já deixou sua marca na história da Porsche Cup Brasil, uma das principais categorias do esporte nacional.
O recifense venceu as quatro primeiras corridas de 2025 – todas no Velocitta, em Mogi Guaçu/SP -, feito que não tinha sido atingido por nenhum outro piloto estreante em todos os 20 anos da competição. Daniel é um dos mais jovens do grid e o que mais vem despertando atenção do público.
Correndo na subdivisão Challenge Rookie, para pilotos ainda em desenvolvimento, o pernambucano é o líder absoluto. Porém, para se manter confortável nessa situação, terá que correr bem em Interlagos, neste fim de semana.
“Interlagos é uma pista que todo mundo conhece. Quando você pensa em automobilismo no Brasil, você pensa nesta pista. Já fiz alguns treinos lá de fórmula e é uma pista que eu ando o tempo todo no simulador. Agora será um marco na minha carreira, já que competir por lá é uma realização de um sonho”, disse.
Início
Daniel Neumann é filho de Josimar Junior, piloto que atua na categoria Carrera, para pilotos experientes. O início do garoto foi parecido: como de muitos, no kart, mas nem sempre tão harmonioso.
“Iniciei no kart quando tinha sete anos, meu pai também estava começando a correr e queria me levar. Comecei a treinar, fiz algumas corridas, mas no único campeonato que participei, apesar de estar muito rápido, acabei batendo ou acontecendo alguma coisa que me deixava muito irritado e acabei abandonando o kart”, relembrou.
“Por muito tempo acabei não demonstrando muito interesse pelo automobilismo. Preferia fazer outras coisas, mas quando tinha 15 anos fui assistir uma corrida do meu pai na Porsche Cup e lá eu consegui analisar e perceber a beleza do esporte, que é muito técnico, difícil, e que os bastidores me fizeram apaixonar novamente. Foi assim que voltei”, explicou.
Assim, em poucos anos o piloto conseguiu construir a trajetória do kart à Porsche Cup. Daniel contou sobre as lições que conseguiu tirar em tão pouco tempo e a adaptação ao novo carro.
“Passei dois anos no kart, pegando a base das corridas. Ele ajuda muito no carro, porque você passa a ter um reflexo apurado, entendendo como um carro funciona e os comportamentos na pista”, iniciou.
“Nisso chegou o momento de fazer a transição. Em 2024 fiz alguns treinos de carro e Fórmula 4, mas a maior diferença que eu noto ainda hoje é a distribuição de peso. Juntos, eu e o kart temos cerca de 160 kg, sou quase metade do peso. Já no caso do carro tem uma imensidade de peso e isso influencia na guiada de uma maneira que eu não imaginava”, confidenciou Daniel.
Futuro
Mesmo com muita coisa para galgar na Porsche Cup, Daniel não esconde o desejo de desbravar o mundo com a corrida, mesmo que tenha consciência que o maior desafio seja se manter ativo.
“Eu quero estar andando de carro, independente de onde for. É um esporte muito cruel, por falta de patrocínio muitos deixam de praticar. O meu foco é pilotar o que tiver disponível, mas o meu sonho mesmo é fazer alguma coisa fora, dentro da categoria de turismo, como a WEC (Campeonato Mundial de Endurance da FIA) ou até a Stock Car aqui no Brasil, que é muito forte. Penso em trilhar essa carreira no turismo”, refletiu o piloto.
Compreendendo as possíveis imprevisibilidades da carreira, o pernambucano já tem bem definido um ‘plano B’ e iniciará sua vida no ensino superior em breve.
“Como o automobilismo é um esporte muito arriscado, você não sabe o que vem no amanhã. Sempre fui muito incentivado pelos meus pais a fazer faculdade e ter uma carreira mais segura. Em agosto vou iniciar uma faculdade de finanças nos Estados Unidos, de lá vou tentar conciliar meus estudos e a carreira”, projetou.
Fonte: Folha de Pernambuco./Foto:Rafael Melo.