Dois meses após o envio do Projeto de Lei 2692/2025 à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o Governo do Estado ainda aguarda autorização para contratar um empréstimo de R$ 1,5 bilhão, destinado principalmente à construção do Arco Metropolitano e à duplicação da BR-232. Apesar da aprovação inicial na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), a proposta sofreu alterações por meio de um substitutivo do deputado Antonio Coelho (União Brasil) e voltou a ser alvo de questionamentos. O relator do projeto na comissão, deputado Waldemar Borges (PSB), solicitou novas informações ao Executivo, o que deverá atrasar ainda mais a tramitação.
A verba, já assegurada pelo governo federal, precisa ser liberada até o fim do ano, considerando os prazos burocráticos exigidos pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). No entanto, sem a aprovação legislativa, o Estado permanece estagnado, enquanto outras unidades da federação avançam no mesmo processo. Segundo o secretário de Planejamento e Gestão, Fabrício Marques, Pernambuco já entra em desvantagem na “concorrência” com os demais estados e pode perder a chance de captar esses recursos ainda em 2025.
A situação é ainda mais delicada diante da cobrança de explicações sobre empréstimos anteriores, que somam R$ 9,2 bilhões. O relator do projeto exige respostas claras e objetivas sobre a aplicação desses recursos. “Sem as respostas, não avançaremos”, declarou o deputado, reforçando que não aceitará informações evasivas ou desconectadas do que foi solicitado.
O impasse escancara uma tensão crescente entre a Alepe e o Governo do Estado, especialmente na figura da governadora Raquel Lyra. Embora a necessidade dos investimentos seja inegável — e de interesse direto da população, que já enfrenta problemas estruturais graves —, o Executivo peca pela falta de transparência e agilidade na prestação de contas. É compreensível que o Legislativo cobre responsabilidade, mas é inegável que o prolongamento desse embate prejudica o povo pernambucano.
Em vez de um jogo de empurra entre os poderes, o que se espera é maturidade política e compromisso público. A governadora precisa garantir mais clareza nos dados e diálogo efetivo com os deputados, enquanto a Alepe deve evitar que disputas políticas se sobreponham ao interesse coletivo. Afinal, o povo, como bem pontuou o secretário Fabrício Marques, não pode esperar. E não deve pagar a conta da ineficiência institucional.
Foto: Roberto Soares/Alepe.