As fortes chuvas que atingem diversas regiões de Pernambuco provocaram a suspensão ou redução no abastecimento de água em pelo menos 21 municípios do estado. Segundo a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), 29 sistemas operacionais foram comprometidos até esta quarta-feira (21), com impactos causados principalmente pela ativação de protocolos de segurança, deterioração da qualidade da água e falta de energia elétrica.
A situação atinge com mais gravidade áreas de morro e localidades historicamente vulneráveis a deslizamentos e alagamentos, como em Jaboatão dos Guararapes, Recife e Goiana. Nesses pontos, sete sistemas foram desligados por precaução, obedecendo ao Protocolo de Segurança de Abastecimento, ajustado recentemente para ser ativado com chuvas acima de 75 mm em curto espaço de tempo — limite anteriormente fixado em 100 mm. A medida, implantada há três anos com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e órgãos de defesa civil, visa preservar vidas e minimizar riscos associados à instabilidade do solo.
Outros 16 sistemas foram paralisados por causa da má qualidade da água, prejudicando o abastecimento em localidades como Camaragibe, Jaboatão, Ipojuca, Moreno, além de municípios da Zona da Mata e do Agreste, como Timbaúba, Escada, Vicência e Bezerros. Em paralelo, seis sistemas também foram afetados pela interrupção no fornecimento de energia elétrica, comprometendo o serviço em cidades como Pesqueira, Cupira e São Lourenço da Mata.
De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), os volumes de chuva mais elevados nas últimas 24 horas foram registrados em Triunfo (187 mm), Cabo de Santo Agostinho (183 mm) e Barreiros (158 mm), evidenciando a intensidade do fenômeno.
A Compesa segue em regime de plantão permanente, em articulação com as prefeituras e defesas civis locais, monitorando as condições dos sistemas e atualizando a população por seus canais oficiais.
Diante do cenário, especialistas alertam para a importância de investir em obras de infraestrutura urbana e drenagem que previnam enchentes e deslizamentos, especialmente em áreas com ocupação irregular e relevo acidentado. A construção de canais, galerias pluviais e sistemas de retenção pode reduzir significativamente os impactos das chuvas sobre a população e sobre serviços essenciais como o abastecimento de água. Além de mitigar riscos imediatos, essas intervenções são fundamentais para garantir mais segurança e resiliência às cidades frente aos efeitos cada vez mais intensos das mudanças climáticas.
Foto: Emerson Pereira.