A presença ativa da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, na vida política nacional tem dividido opiniões entre os brasileiros. De acordo com uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (5) pelo PoderData, 50% dos eleitores que afirmam conhecê-la desaprovam sua atuação no governo. Em contrapartida, 30% expressam apoio, enquanto os 20% restantes preferiram não opinar ou disseram não saber avaliar.
Janja, que ganhou visibilidade ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem se casou em 2022, tem se posicionado como uma figura influente mesmo sem exercer um cargo formal. A pesquisa aponta que 86% da população brasileira já ouviu falar da socióloga paranaense ou afirma conhecê-la bem — um crescimento notável desde setembro de 2022, quando esse número era de 63%. O aumento de 23 pontos percentuais reflete a maior exposição pública da primeira-dama durante o terceiro mandato do petista.
Entre os que dizem conhecer Janja, os homens demonstram ligeiramente mais familiaridade com sua atuação no governo: 42% contra 39% das mulheres. Essa diferença também sugere um interesse desigual sobre a figura da primeira-dama entre os gêneros.
Antes de chegar ao centro do poder, Janja acumulou uma trajetória que inclui passagens pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) como professora, além de experiências na Assembleia Legislativa do Paraná, na hidrelétrica de Itaipu Binacional e na Eletrobras, onde atuou na área de Comunicação e Relações Institucionais. Militante histórica do Partido dos Trabalhadores, ela se aproximou de Lula durante o período em que o ex-presidente esteve preso em Curitiba, intensificando a relação que culminaria em casamento.
Mesmo sem cargo oficial, Janja participa de reuniões ministeriais, influencia decisões e busca “ressignificar” o papel tradicional da primeira-dama no Brasil. Apesar de não contar com orçamento próprio ou equipe formal, dispõe informalmente de 12 assessores. Essa atuação fora dos moldes institucionais tem gerado polêmicas, sendo alvo constante de críticas e questionamentos.
Um episódio recente que gerou repercussão envolveu sua participação em um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. Durante a reunião, Janja fez uma intervenção sobre a regulação das redes sociais, o que causou desconforto em setores da imprensa e da opinião pública. Lula, no entanto, saiu em sua defesa, afirmando ter sido ele quem solicitou o debate sobre o tema. “A pergunta foi minha e eu não me senti incomodado. O fato de a minha mulher pedir a palavra é porque ela não é cidadã de segunda classe”, declarou o presidente, ressaltando ainda que Janja compreende mais de redes digitais do que ele próprio.
A pesquisa do PoderData foi realizada entre os dias 31 de maio e 2 de junho de 2025, com 2.500 entrevistas feitas por telefone em 218 municípios, abrangendo todas as 27 unidades da Federação. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais e um intervalo de confiança de 95%. Os dados reforçam que, embora sua imagem esteja em alta exposição, a atuação da primeira-dama segue sendo tema de controvérsia no cenário político brasileiro.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.