A crise em torno da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ganhou novos contornos nesta quarta-feira (4), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que o Banco Central apresente, com riqueza de detalhes, todas as doações realizadas via Pix à parlamentar nos últimos 30 dias. A exigência ocorre no contexto de um novo inquérito criminal contra Zambelli, cuja prisão preventiva também foi decretada nesta mesma data.
Na decisão, Moraes ordena que sejam identificados os valores e os remetentes de todas as transferências feitas à deputada, como parte da apuração sobre a campanha pública de arrecadação promovida por ela nas redes sociais. O objetivo declarado da mobilização era levantar recursos para o pagamento da multa imposta pelo STF, que a condenou a dez anos de prisão por participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto.
Além da pena de reclusão, a Corte determinou o pagamento de uma indenização no valor de R$ 2 milhões, dividida entre Zambelli e Delgatti. Em uma publicação nas redes no último dia 21 de maio, a deputada afirmou ter conseguido reunir cerca de R$ 285 mil em poucos dias, valor que, segundo ela, foi depositado em uma conta poupança. Na mesma postagem, Zambelli classificou a sanção como “injusta” e fruto de “perseguição implacável”, reiterando que não se deixaria abater.
Em meio à escalada judicial, a congressista anunciou na terça-feira (3) que havia deixado o Brasil. À CNN Brasil, revelou estar nos Estados Unidos, mas com planos de se mudar para a Itália, país onde possui cidadania — o que, segundo ela, poderia dificultar uma eventual extradição. A declaração reacendeu preocupações sobre sua disposição em colaborar com a Justiça brasileira.
No entanto, a resposta das autoridades foi imediata. Além da ordem de prisão preventiva, Moraes solicitou à Polícia Federal que o nome de Zambelli seja incluído na lista de difusão vermelha da Interpol, mecanismo que permite a cooperação internacional para localização e detenção de foragidos. Como parte das medidas, também foi determinada a suspensão de suas redes sociais, ampliando o cerco à parlamentar em rota de colisão com o Judiciário.
A movimentação intensa em torno do caso sinaliza uma nova fase na crise que envolve a deputada, que agora se vê no centro de um escândalo jurídico e político de proporções internacionais.
Foto: Antonio Augusto/STF.