O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública o pedido oficial de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), atualmente foragida na Itália. A solicitação foi enviada ao ministro Ricardo Lewandowski e contém os documentos necessários para que o governo brasileiro peça formalmente às autoridades italianas o retorno da parlamentar ao país.
Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por envolvimento na invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), crime cometido em 2023. A sentença aponta que ela agiu de forma consciente, articulando e comandando a ação com ajuda do hacker Walter Delgatti, também condenado no processo. A intenção da invasão, segundo a decisão, era adulterar informações institucionais do Judiciário.
No pedido, Moraes detalha os crimes imputados à deputada e lista garantias jurídicas que o Brasil oferece caso a extradição seja autorizada: ela não será presa ou processada por fatos anteriores ao pedido, não enfrentará pena perpétua, não terá sua pena agravada por razões políticas e não será submetida a tortura ou tratamentos desumanos.
A extradição foi solicitada após a Primeira Turma do STF negar por unanimidade um recurso da defesa que tentava anular a condenação. Com isso, Moraes determinou a execução imediata da pena.
Além do processo jurídico, o ministro também voltou a criticar o sistema político brasileiro, especialmente o modelo de votação atual. Moraes afirmou que o país precisa discutir com seriedade a adoção do voto distrital misto, destacando que o sistema vigente favorece distorções na representatividade e dificulta o fortalecimento da democracia. Segundo ele, “não há mais como sustentar um sistema político em que as campanhas são feitas em redes sociais com discursos de ódio e desinformação, sem qualquer vínculo real com a população”. Para o ministro, mudanças estruturais são urgentes para restaurar a credibilidade das instituições.
Foto: Lula Marques/EBC.