O escritor Salman Rushdie, ameaçado de morte pelo Irã desde os anos 80, foi atacado nesta sexta-feira (12), minutos antes de dar uma palestra em Chautauqua, no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Algumas testemunhas disseram aos policiais que viram um homem correndo no palco e socando ou esfaqueando Rushdie enquanto ele estava sendo apresentado pelo mestre de cerimônias.
De acordo com as primeiras informações da polícia nova-iorquina sobre o ataque, divulgadas em um comunicado, o escritor sofreu “o que parecem ferimentos por esfaqueamento no pescoço”. Ainda segundo a corporação, o autor do ataque, um homem, foi detido por um agente que trabalhava na segurança do evento.
Até a publicação desta reportagem, ainda não havia ficado clara qual agressão teria sido praticada contra o autor, nem o estado de saúde de Rushdie. Um repórter da agência Associated Press testemunhou o momento em que homem invadiu o palco da Chautauqua Institution e começar a agredir Rushdie enquanto ele estava sendo apresentado. O autor caiu no chão no mesmo instante e o homem foi controlado.
Rushdie se tornou inimigo público número 1 do Irã em 1988, quando sua obra Versos Satânicos foi proibida. Na época, as palavras do escritor foram consideradas uma blasfêmia. Em 1989, o aiatolá Ruhollah Khomeini, líder supremo do país, emitiu uma fatwa (decreto emitido por um especialista em lei islâmica) que condenou Rushdie à morte. O Irã também ofereceu também mais de 3 milhões de dólares (R$ 15,2 milhões) em recompensa para quem matasse Rushdie.
A polêmica obra é um romance em que a ficção é combinada com a reflexão filosófica e um senso de humor. O trabalho despertou a ira dos muçulmanos xiitas, que o consideraram um insulto ao Alcorão, a Maomé e à fé islâmica, e foi proibido em Índia, Paquistão, Egito, Arábia Saudita e África do Sul.
Teerã assegurou em 1998 que a fatwa não seria aplicada. Entretanto, o sucessor de Khomeini declarou em 2005 que Rushdie era um apóstata e que poderia ser morto impunemente. Além disso, o governo de Mahmoud Ahmadinejad declarou, em 2007, que a fatwa ainda era válida.
*AE/EFE