O agente literário do escritor Salman Rushdie, Andrew Wylie, fez uma atualização sobre o estado de saúde do autor de Versos Satânicos, que foi vítima de um atentado nesta sexta-feira (12). De acordo com Wylie, Rushdie está em um respirador e as notícias “não são boas”.
– Salman provavelmente perderá um olho; os nervos de seu braço foram cortados; e seu fígado foi esfaqueado e danificado – detalhou.
O escritor foi atacado na manhã desta sexta no noroeste do estado norte-americano de Nova Iorque, na cidade de Chautauqua, minutos antes de começar uma palestra em uma conferência. A polícia nova-iorquina identificou o agressor de Salman Rushdie como Hadi Matar, um homem de 24 anos, que permanece sob custódia.
A corporação informou que Matar esfaqueou Rushdie pelo menos uma vez no pescoço e uma vez no abdômen. O porta-voz da polícia disse que o autor foi inicialmente atendido por um médico que estava na conferência. O profissional também atendeu ao outro orador, Henry Reese, que foi agredido e sofreu ferimentos no rosto.
Um repórter da agência Associated Press testemunhou o momento em que homem invadiu o palco da Chautauqua Institution e começar a agredir Rushdie enquanto ele estava sendo apresentado. O autor caiu no chão no mesmo instante e o homem foi controlado.
Segundo a governadora de Nova York, Kathy Hochul, o escritor foi salvo por um policial local. De acordo com Hochul, “ele está vivo” e “sendo cuidado conforme necessário”. A governadora veio a público fazer uma declaração cerca de duas horas depois do ataque.
– Foi um policial estatal que se levantou e salvou sua vida [Rushdie], o protegeu e ao moderador (da conferência) – disse.
Rushdie se tornou inimigo público número 1 do Irã em 1988, quando sua obra Versos Satânicos foi proibida. Na época, as palavras do escritor foram consideradas uma blasfêmia.
Em 1989, o aiatolá Ruhollah Khomeini, líder supremo do país, emitiu uma fatwa (decreto emitido por um especialista em lei islâmica) que condenou Rushdie à morte. O Irã também ofereceu também mais de 3 milhões de dólares (R$ 15,2 milhões) em recompensa para quem matasse Rushdie.
A polêmica obra é um romance em que a ficção é combinada com a reflexão filosófica e um senso de humor. O trabalho despertou a ira dos muçulmanos xiitas, que o consideraram um insulto ao Alcorão, a Maomé e à fé islâmica, e foi proibido em Índia, Paquistão, Egito, Arábia Saudita e África do Sul.
Teerã assegurou em 1998 que a fatwa não seria aplicada. Entretanto, o sucessor de Khomeini declarou em 2005 que Rushdie era um apóstata e que poderia ser morto impunemente. Além disso, o governo de Mahmoud Ahmadinejad declarou, em 2007, que a fatwa ainda era válida.
*Com informações AE