Neste sábado (10), o papa Francisco alertou que ainda existe o risco de uma guerra nuclear. Ele pediu aos cientistas do mundo que se unam em uma vontade comum de desarmamento e em uma força pela paz, ao receber em uma audiência representantes da Pontifícia Academia das Ciências.
– Os riscos para as pessoas e para o planeta estão aumentando. São João Paulo II deu graças a Deus porque, por intercessão de Maria, o mundo foi salvo da guerra atômica. Infelizmente, devemos continuar orando por esse perigo, que deveria ter sido evitado há muito tempo – falou.
O pontífice acrescentou que “a história mostra sinais de retrocesso”.
– Depois das duas trágicas guerras mundiais, (…) a história mostra sinais de retrocesso. Não apenas se intensificam os conflitos anacrônicos, mas ressurgem nacionalismos fechados, exagerados e agressivos e novas guerras de dominação, afetando civis, idosos, crianças e doentes, e causam destruição em todos os lugares. Os numerosos conflitos armados são muito preocupantes. Eu disse que era uma terceira guerra mundial ‘em pedaços’, hoje podemos dizer ‘total’ – disse.
Em seu encontro com os participantes da sessão plenária da instituição científica fundada pela Igreja em 1603, Francisco destacou que é necessário mobilizar todo o conhecimento baseado na ciência e na experiência para superar a miséria, a pobreza, a nova escravidão e evitar as guerras.
– Ao rechaçar certas pesquisas, inevitavelmente destinadas, em circunstâncias históricas concretas, a fins mortais, cientistas de todo o mundo podem se unir em uma vontade comum de desarmar a ciência e formar uma força pela paz. Em nome de Deus, que criou todos os seres humanos para um destino comum de felicidade, somos chamados hoje a dar testemunho de nossa essência fraterna de liberdade, justiça, diálogo, encontro mútuo, amor e paz, evitando alimentar o ódio, o ressentimento, a divisão, a violência e a guerra – declarou.
O pontífice reiterou que as descobertas científicas do século 21 devem estar a serviço da sociedade e “sempre guiar-se pelas exigências da fraternidade, justiça e paz, ajudando a resolver os grandes desafios que a humanidade e seu habitat enfrentam”.
Ele também elogiou a Academia por “compartilhar os benefícios da ciência e tecnologia com o maior número de pessoas, especialmente os mais necessitados e desfavorecidos” e “ter como objetivo a libertação de várias formas de escravidão, como o trabalho forçado, a prostituição e o tráfico de órgãos, crimes contra humanidade que andam de mãos dadas com a pobreza e também ocorrem em países desenvolvidos, em nossas cidades”.
– O corpo humano nunca pode ser, em parte ou em sua totalidade, objeto de comércio – ressaltou Francisco.
*EFE