O Radar Político365 entrevistou a advogada e presidente da Autarquia Municipal de Ensino Superior de Goiana, Emília Souza. Na entrevista, Emília destaca pontos de avanço da FADIMAB atualmente.
Radar: Emília, neste ano de 2021 você teve um grande desafio que foi assumir a presidência da Autarquia de Ensino Superior de Goiana, tendo em vista que seu antecessor o saudoso Dr Alcides França faleceu de covid. Como reagiu ao receber a notícia que iria assumir a direção da autarquia no lugar que foi de alguém de porte como o Dr Alcides França?:
ES: Eu estou na autarquia desde 2018 quando assumi o cargo de assessora jurídica, pois sou advogada de formação, e em 2019 passei a ser assessora do Dr Alcides e deste então nós tivemos um contato direto e diário. Ao decorrer desse tempo nas ausências de Dr Alcides por motivos de viagens, férias ou qualquer outro motivo ele sempre me colocou à frente e sempre passando os ensinamentos a visão e a forma do trabalho dele. Nós que fazíamos parte da autarquia bebemos muito dessa fonte e infelizmente com a morte dele que pegou a todos nós de surpresa, eu estava naquele momento à frente da autarquia por conta do internamento dele, pois fui colocada de forma interina pelo prefeito. Algumas semanas após a morte dele a gente precisou ter uma conversa para que fosse decidida a situação até por que certas decisões, embora eu estivesse à frente, eu não poderia tomar. Burocracias porque na função de assessora eu sempre cuidei de pagamentos, de folha, tudo que era questões administrativas na autarquia eu sempre foi relacionada comigo. Certas decisões eu não poderia tomar, enfim, questões burocráticas, em uma conversa com o prefeito Eduardo ele me propôs assumir a autarquia. Depois de uma longa conversa onde expôs toda a situação da faculdade e da autarquia como estavam as questões administrativas, financeiras e ele me fez esse convite e fiquei muito honrada desde então porque de fato eu já vinha acompanhando o trabalho. Foi algo que realmente eu fui pega de surpresa, mas de pronto eu aceitei assumir o desafio porque eu acredito que a gente está aqui para fazer sempre o melhor, minha intenção foi a melhor e naquele momento prosseguir com os planos iniciais que a gente já havia tratado no final de 2020. É comum a gente fazer o planejamento do ano, acho que todo gestor toma essa medida e assim foi feito, eu sabendo disso foi dado continuidade aos planos iniciais é lógico que surgindo imprevistos, enfim, a gente vai moldando e tem sido assim desde março quando eu assumi.
Radar: Quando você assumiu de lá para cá é óbvio que você tinha ciência do planejamento como você deixou claro. Mas uma coisa é você ter o conhecimento e outra é você sentar de fato na cadeira de presidente da autarquia que tem um histórico não só aqui na cidade, mas como em toda Mata Norte. Quando assumiu de fato sentiu frio na barriga?
IS: Eu acho que a partir do momento que a gente precisa se reunir com todos os secretários juntos, quando a gente geralmente tem reuniões quinzenais ou mensais com o prefeito, e ele coloca o desafio para a gente “Qual o desafio? O que você planeja?”. Porque no ambiente de trabalho em si nós nos respeitamos muito, aqui foi mais fácil de lidar com as pessoas e não tivemos nenhum tipo de problema com relação a isso. Porém, quando a gente leva isso para o gestor maior e quando a gente é cobrado por isso é quando sentimos o peso da cadeira e a responsabilidade que a gente assumi sem dúvida.
Radar: Ao longo 2021 assim como qualquer outra pessoa sentiu dificuldades em decorrência da pandemia. Se você pudesse enumerar dois ou até três desafios que a autarquia teve durante esse ano, quais foram?
IS: Com relação a pandemia a gente já vem enfrentando essa situação desde 2020, quando houve a paralisação total das atividades nós tivemos que paralisar as atividades presenciais, nós somos autorizados a funcionar presencialmente, então nós não somos EaD. A primeira dificuldade foi a migração das aulas presenciais para a remota e fazer com que o aluno entendesse que não eram aulas EaD porque isso influencia em mensalidades, em custos e não é o caso da autarquia, não é o caso da faculdade. A faculdade é presencial, mas naquele momento, permanecendo até agora em dezembro de 2021 aulas remotas e isso significa que o aluno precisar estar em sala de aula naquele horário pré-estabelecido para que as aulas sejam simultâneas, não são aulas gravadas. Nossa primeira dificuldade foi a adaptação ao novo sistema de aulas, e integrar todos os professores, alunos e corpo técnico administrativo para aquela nova modalidade. Nós temos muitos professores antigos na casa que não lidavam bem com com o meio digital, por isso foi preciso intensificar os treinamentos e tivemos um trabalho excelente enquanto a isso de todos os coordenadores que se empenharam para aulas pudessem acontecer o mais rápido possível. Tivemos 15 dias de paralisação até que fosse instituído o sistema de aulas remotas isso foi um ponto positivo, embora houvesse o desafio inicial e conseguimos contornar com brevidade e isso foi um ponto bastante positivo com nosso trabalho. E sem sombra de dúvidas a questão da evasão, pois quando as aulas passaram a serem remotas muitos alunos deixaram de frequentar por inúmeras questões como financeira, a gente tem 21 municípios circunvizinhos e a maioria e a maioria dos nossos alunos não são goianenses, temos muitos alunos que moram em regiões onde o acesso a internet é dificultoso. Inicialmente esse também foi um problema que nós enfrentamos porque existiam reclamações do tipo: eu não tenho internet, meu acesso é difícil, como irei conseguir assistir?. A questão financeira foi bastante difícil, pois tivemos um nível maior de inadimplentes porque a pandemia causou prejuízo a inúmeros setores, principalmente na economia, então o nosso aluno sofre diretamente com isso ou o responsável pelo pagamento, a gente sabe que a autarquia sobrevive, principalmente, da receita dos alunos logo essa perda de recursos foi um desafio também para que a gente mantivesse aquele aluno aqui, a gente conseguiu que ele pagasse faculdade e a gente sobrevivesse.
Radar: O governo municipal chegou a fazer grandes aportes para que a autarquia tivesse sobrevivência?
ES: Sim, desde 2018 o município faz aporte financeiro a autarquia e continuou fazendo durante a pandemia, isso se intensificou. E um ponto bastante positivo que conseguimos contornar foi com o projeto de lei, que foi aprovado e tornou-se lei, foi a bolsa de estudos emergencial isso foi no final de 2020. Conseguimos contemplar mais de 100 alunos com bolsas emergenciais em que o município custeava a bolsa do aluno naquele período de crise maior para que o aluno se mantivesse aqui. Dessa forma, conseguimos segurar bem esses alunos em meados de agosto a dezembro de 2020, para que em 2021 a gente pudesse respirar melhor tanto o aluno quanto nós financeiramente falando.
Radar: Além dessa bolsa que você citou a autarquia tem uma parceria de bolsas com o PROUPE. Existe mais alguma parceria para concessão de bolsas para os alunos?
ES: Sim, continuamos com a parceria do PROUPE, o PROUNI com o novo programa estadual, o FIES abrimos nova adesão de vagas, com o Educa mais Brasil, com CredIES, isso são programas fora da autarquia haja vista que somos parceiros de outras instituições. Porém, dentro da autarquia nós criamos um planejamento para que mantivesse o aluno aqui e que ele pudesse ser beneficiado de alguma forma. Temos o vestibular social onde oferecemos bolsas de até 100% de descontos nas mensalidades, nós temos os benefícios para os primeiros períodos com 50%, para alunos egressos, transferidos de outras faculdades, que cursaram ensino médio em escola pública para alguns casos em específico nós temos esses benefícios. É para o aluno que já é veterano da casa até dezembro de 2021 concedíamos descontos de pontualidade de 35%. Para 2022 algumas dessas medidas serão renovadas e em outras haverão ajustes, pensando em melhorar a vida do aluno e melhorar a vida financeira da autarquia também.
Radar: Ao longo de 2021 várias instituições voltaram as aulas presenciais, deixando a modalidade remota, recomeçaram a realizar aulas de forma híbrida. Como está o andamento das aulas hoje na Fadimab?
ES: Nós continuamos com as aulas totalmente remotas, embora as práticas sejam presenciais. Hoje as práticas da turma de direito são presenciais, os estágios dos cursos de licenciatura são presenciais, as estagiárias da própria autarquia já vem presenciais. As práticas passaram a ser presenciais, mas aulas continuam sendo remotas, o planejamento e a expectativa é de que em fevereiro de 2022 a gente retome de forma totalmente presencial.
Radar: O que fez então a autarquia a não se adequar em relação a essas outras instituições que já voltaram a suas atividades ao menos de modo híbrido?
ES: Inicialmente a dificuldade do transporte dos alunos. Como falei anteriormente nós atendemos regiões vizinhas. Então não são só alunos goianenses, mas nós temos alunos de interiores em que o transporte é dificultoso e nem todos os municípios disponibilização ônibus porque até antes da pandemia os alunos vinham de ônibus e o transporte era todo efetivado e depois da pandemia tudo parou. Então, a dificuldade da locomoção e a dificuldade dos professores porque a nossa preocupação e que todos os professores estivessem vacinados com a segunda dose e tudo bem organizado para não colocar alguém em risco. Nossos professores, na maioria, 90% são de Recife e João Pessoa. Daí precisamos fazer uma contabilidade para que todos estivessem de fato vacinados para que a gente retomasse. Inicialmente nós pensamos entre Outubro ou Novembro retomar de forma hibrida, mas como estávamos caminhando para finalizar o semestre achamos por bem deixar para que retomássemos em 2022. Então a nossa expectativa é de retomada presencial em fevereiro de 2022.
Radar: O que você poderia enumerar como conquistas da AMESG ao longo de 2021?
ES: Nós tivemos várias melhorias na infraestrutura da faculdade, embora estivéssemos com as aulas remotas, aproveitamos o tempo que a faculdade estava funcionando apenas no administrativo e até no pedagógico de forma presencial como no corpo técnico e aí fizemos melhorias na infraestrutura. Então, nós colocamos a coberta no pátio, melhoramos o auditório totalmente reformulado, com equipamentos atualizados. Nós tivemos também a inauguração da Câmara Privada de Conciliação e Mediação e aí é uma grande conquista para o município e para a faculdade, pois é a primeira da Mata Norte. Essa é uma conquista da FADIMAB e da AMESG e é um beneficio para a população. Assim como o PROCON Municipal que funciona aqui na faculdade. Então, a gente renovou esse convênio e ele continua funcionando aqui e sem sombra de dúvidas a maior delas é manter o aluno estudando e conceder benefícios para que o aluno continue vinculado a faculdade porque sabemos que infelizmente a pandemia deixou aí um rastro bastante prejudicial em todos os setores principalmente na educação e na economia.
Radar: Isso fez com que a autarquia conseguisse se recuperar ou ainda está em processo de recuperação?
ES: Está se recuperando. Hoje, nós estamos caminhando para que cada vez mais a gente tenha uma independência financeira. Não posso dizer que totalmente, mas estamos caminhando e trabalhando para que cada vez mais a gente consiga ter essa independência de fato.
Radar: Para 2022 qual o seu olhar de perspectiva para a autarquia? Vocês já devem ter um direcionamento para questões de cursos ou até mesmo retorno de cursos. Qual o teu olhar neste momento?
ES: Hoje nós estamos com os cursos passando pelo Conselho Estadual de Educação para que todos sejam renovados. Todos os cursos que hoje já existem na faculdade que são nove cursos, então, todos eles estão passando pela renovação. Já em fase final, recebemos todas as visitas ao longo deste ano e finalizamos no inicio de Dezembro e aí estamos esperando o parecer do conselho que acredito que deve sair em janeiro de 2022. Então todos os cursos serão renovados e já temos parecer apontando para as renovações e aí a novidade e a gente espera ansioso por isso é que seja aprovado o curso de Bacharelado em Psicologia e a expectativa é que sendo aprovado já lançarmos o vestibular entre janeiro ou fevereiro para que possamos iniciar uma nova turma. É uma expectativa grande da faculdade para que possamos alavancar os nossos cursos e a faculdade em si.
Radar: A Faculdade de Goiana sempre foi conhecida também pelo seu histórico de cursos de licenciatura. Temos várias gerações que passaram cursos como Geografia, História, Letras, etc. Mas um curso em si como de História tem desaparecido nos últimos tempos da faculdade. Você enxerga alguma medida de despertar o interesse por um curso tão importante que é o de História que representa a reflexão sobre os nossos tempos?
ES: Neste sentido, os cursos de licenciatura eles continuam existindo. Então, não é nossa ideia acabar com os cursos de licenciatura, pois talvez seja até ventilado em algumas mídias, mas não é uma ideia da autarquia ou da faculdade e não somente isso, mas o que queremos é trazer uma nova roupagem na faculdade. A gente sabe que atualmente nós precisamos estar vinculados ao que o mercado de trabalho nos pedi e isso não significa abrir mão dos cursos de licenciatura. Sabemos que a nossa base é o professor, por isso a nossa ideia não é essa, mas da uma nova roupagem a faculdade com cursos tecnológicos com menos duração e que atendem ao mercado de trabalho hoje necessita. A nossa expectativa é trabalhar nesse sentido da nova roupagem, mas sem deixar de lado os cursos de licenciatura. A questão de História em especial de fato hoje temos uma turma que já esta se encaminhando para se formar, mas não significa que não abriremos novas turmas. O vestibular está aí e estamos lançando as divulgações nas mídias digitais e nas rádios e neste sentido serão lançados novas turmas e o de História recentemente nós tivemos uma conversa com o Instituto Histórico de Goiana para que a gente buscasse fomentar esse curso com relação a pesquisa, extensão, pois a nossa preocupação com os cursos é que não se acabem e que a gente consiga fomentar até campanhas especiais, tipo um desconto um pouco diferenciado neste sentido sempre buscando essas formas de fomentar os nossos cursos e também um projeto para os cursos de licenciatura e isso beneficia quem já tem uma primeira licenciatura para assim se animar e fazer uma segunda e isso fomentaria também os cursos de licenciatura que temos.
Radar: A instituição está buscando trazer cursos relacionados ao Polo Automotivo e Farmacoquimico?
ES: Sim, ao longo de 2021 nós preparamos o projeto do curso de farmácia e ele está praticamente finalizado e só precisando de alguns ajustes. O curso de Fisioterapia também com alguns ajustes e o curso de Engenharia de Produção. Daí a nossa expectativa para 2022 é que a gente consiga finalizar os projetos, que a gente consiga fazer toda a revisão para a gente envie para o Conselho Estadual de Educação e aí faça o tramite com a autorização do curso. A nossa expectativa é criar mais três novos cursos para 2022. Quem sabe no segundo semestre porque tem o tempo de aprovação e aí quem sabe lançar novas turmas já no ano que vem.
Radar: Atualmente a FADIMAB possui quantos alunos matriculados?
ES: Hoje nós temos 627 alunos matriculados os cursos de graduação. Entre eles os mais procurados são Administração, Direito, Educação Física e Pedagogia, mas nosso carro-chefe é o curso de Direito. Nós tivemos já a primeira turma formada e esse foi um grande avanço para a faculdade com aprovações no nono período na Ordem dos Advogados do Brasil e isso foi amplamente divulgado, pois é um grande avanço e isso mostra que a Autarquia de Goiana forma profissionais competentes para o mercado de trabalho e renovando o nosso compromisso com o ensino superior.
Radar: Saindo um pouco da pauta da Autarquia, recentemente fizemos uma nota sobre a participação de mulheres no primeiro escalão do governo do prefeito Eduardo Honório. Coo você encara hoje essa visão do prefeito em trazer mais mulheres para postos de comando no governo?
ES: Neste ponto entendo que a gestão de Eduardo tem sido muito vitoriosa e sábia porque da voz a uma luta antiga das mulheres. Eu como uma mulher jovem que possuo uma formação superior e estar inserida na gestão municipal e com a visibilidade que hoje nós temos é de extrema importância para as gerações futuras e de espelho para as próximas gerações e de uma luta histórica de igualdade numa cidade histórica e de luta, porque a gente tem aí a figura das Heroínas de Tejucupapo e é uma simbologia forte e mostra a competência da mulher quebrando preconceitos, paradigmas, enfim eu acho um grande avanço e sem dúvida é um ato elogioso a gestão municipal.
Radar: Já na questão política, recentemente seu nome chegou a ser cotado para assumir a futura Secretaria da Mulher que deverá ser criada na reforma administrativa. O que você tem a dizer?
ES: Eu não posso falar nada a respeito, pois não temos nada definido numa situação dessa que sequer foi concretizada, então até o momento, continuo na autarquia se essa for uma decisão do prefeito Eduardo. Então, não tenho nada a declarar a mais sobre esse assunto.
Radar Político365