Duas estreias cinematográficas estão gerando frenesi ao redor do Brasil e levando inúmeras pessoas às salas de cinema. Um dos filmes não deixa dúvidas sobre o que se trata, visto que já entrega no título o nome da boneca mais famosa do mundo, a Barbie. A outra estreia, por sua vez, pode gerar curiosidade nos desavisados que ainda não conhecem a história de Robert Oppenheimer, um dos cientistas mais famosos do século 20, também considerado o pai da bomba atômica.
Baseado em fatos reais, o filme Oppenheimer é dirigido por Christopher Nolan e chegou a ser elogiado como o “mais importante do século” pelo roteirista Taxi Driver. Mas afinal de contas, o que há de tão intrigante na história do cientista retratado pela obra cinematográfica?
Robert Oppenheimer nasceu em 1904 em Nova Iorque em uma família rica, porém atraiu ainda mais relevância para seu sobrenome por meio de seu ofício como cientista. Ele iniciou sua jornada acadêmica graduando-se em Química na Universidade de Harvard em 1925 e tornando-se doutor em Física na Universidade de Göttingen, na Alemanha.
O jovem centrou suas pesquisas em temas como astronomia teórica, física nuclear e teoria quântica de campos, trabalhando em academias como a Universidade da Califórnia em Berkeley, e no Instituto de Tecnologia da Califórnia.
O cientista era dono de uma personalidade considerada excêntrica e também mantinha posições políticas bem sólidas à esquerda, chegando a flertar com o Comunismo.
Quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu, trazendo consigo muitas mortes, Oppenheimer decidiu aplicar seus conhecimentos científicos para contribuir para a derrota do nazismo e do fascismo. Ele foi chamado para desenvolver as primeiras armas e bombas atômicas da história, criando um grupo de especialistas em prol de um programa que ficou conhecido como Projeto Manhattan.
DESTRUIÇÃO TENEBROSA
A bomba desenvolvida por Oppenheimer foi testada pela primeira vez em 16 de julho de 1945, sendo detonada no deserto de Jornada del Muerto, e demonstrando um potencial destrutivo tenebroso. Tempos depois, Oppenheimer descreveu que a maioria das pessoas que assistiram a detonação ficou em silêncio, conscientes de que o mundo havia sido mudado para sempre.
A arma de destruição só pôde ser utilizada na guerra quando a Alemanha nazista já estava derrotada. A bomba foi detonada, então, contra o Japão, em agosto de 1945, na cidade de Hiroshima, tirando mais de 70 mil vidas instantaneamente. Logo depois foi testada em Nagasaki, matando 40 mil pessoas.
Os episódios devastaram a consciência do pai da bomba atômica, que confessou ter sensação de sangue nas mãos, em fala ao presidente dos Estados Unidos, Harry Truman. A partir daí, Oppenheimer tornou-se um pacifista e passou a confrontar autoridades do país para que a arma fosse abolida.
O cientista defendeu a criação de um órgão internacional que atuasse no controle do desenvolvimento e utilização de armas nucleares, conseguindo, em 1947, que fosse instaurada nos Estados Unidos uma Comissão de Energia Atômica.
Entretanto, Oppenheimer não chegou a ser nomeado como conselheiro do colegiado. Isso porque sua posição conservadora em relação à bomba não era bem recebida por Truman, enquanto a União Soviética testava sua própria bomba atômica, em 1949. A corrida armamentista já era inevitável.
O cientista morreu em 18 de fevereiro de 1967, vítima de câncer da garganta, após um longo histórico de cigarros e tuberculose. Até hoje ele é lembrado por uma de suas frases mais célebres, inspirada por uma escritora hindu, e proferida por ele no dia em que sua bomba foi testada pela primeira vez:
– Agora eu me tornei a Morte, a destruidora de mundos – disse, assombrado pelo poder que criou.